Belo Horizonte – Maior produtor mundial, o Brasil acaba de estabelecer um novo recorde mensal de exportações de café. Em outubro, o País embarcou 3,74 milhões de sacas de 60 quilos. O número é a somatória de café verde, solúvel e torrado & moído, e representa um crescimento de 29,1% sobre o resultado do mesmo mês de 2017, quando foram vendidas 2,9 milhões de sacas ao exterior. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (08) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A receita cambial em outubro teve leve alta de 0,7% em relação ao mês de outubro do ano passado, somando US$ 490 milhões. A variação foi mais expressiva com relação a setembro deste ano, com alta de 15,3%. Apesar dos números positivos, o Cecafé aponta que o desempenho poderia ter sido maior. “Continuamos com os problemas de rolagem dos embarques nos navios, caso contrário, poderíamos ter atingido o patamar de 4 milhões de sacas. Os dados indicam uma performance positiva para os próximos meses, encerrando o ano civil com bons resultados e consolidando cada vez mais a liderança do Brasil em volumes exportados e o compromisso com a qualidade e a sustentabilidade”, afirmou Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé, em nota.
A entidade participou na manhã desta quinta da Semana Internacional do Café, em Belo Horizonte, com seu diretor-geral, Marcos Matos, que foi um dos palestrantes do painel “Criando mudança global através da ação local”, realizado no Grande Auditório Robério Oliveira Silva. O evento reuniu entidades que se ligam por esforços em torno da sustentabilidade na cadeia do café e da Plataforma Global do Café.
A atividade fez parte da Conferência Global de Sustentabilidade do Café 2018, que teve a presença também do diretor-executivo da Organização Internacional do Café (OIC), José Sette. “O Brasil é visto globalmente como adiantado. O produtor tende a ser mais estruturado e de alto desempenho”, disse Sette à ANBA. “Para os consumidores, o Brasil está se estabelecendo nesse segmento de cafés especiais. Internamente, também está muito pujante. É visto como um exemplo”, destacou Sette, que é brasileiro e está à frente da entidade sediada em Londres.
Robusta dispara
Puxando o recorde, as exportações do café da espécie robusta registraram crescimento de 1.797% em relação a outubro do ano passado. O aumento foi alavancado pela melhora na produção neste ano no principal estado produtor da variedade, o Espírito Santo. O movimento reflete a melhora do clima no na região, que sofreu com forte estiagem nos ciclos de produção de 2015 e 2016.
O café arábica representou 82,5% do volume total de café exportado no mês, com mais de 3 milhões de sacas. A espécie teve embarques superiores em 20,2% na comparação com outubro de 2017. Já o café solúvel, teve queda de 6,8% na exportação no mesmo período. O seguimento representou 7,7% do volume total exportado em outubro, com 288,9 mil sacas.
De janeiro a outubro, o Brasil registrou um total de 27,5 milhões de sacas exportadas, crescimento de 10,3% na comparação com igual período do ano passado. A receita cambial no acumulado do ano civil, porém, apresentou queda de 4,9%, alcançando US$ 4 bilhões. No período, o café robusta também chamou a atenção pelo crescimento nas exportações, com 2 milhões de sacas embarcadas, elevação de 874,5% em relação ao mesmo período de 2017. Sete dos dez principais destinos do café brasileiro tiveram aumento na importação do produto no ano civil.
Países Árabes
O café exportado aos países árabes seguiu a tendência de crescimento em volume no acumulado do ano civil. Foram 1.252.104 sacas de café de janeiro a outubro de 2018, crescimento de 14% em relação ao mesmo período de 2017. Já a receita cambial caiu, oscilando de US$ 181,1 milhões de janeiro a outubro de 2017, para US$ 175,2 milhões no mesmo período de 2018.
*A repórter viajou a convite da organização do evento