Brasília – O governo do Brasil comunicou oficialmente que vai retirar sua candidatura para sediar a COP-25 (Conferência das Partes da Convenção do Clima das Nações Unidas), destinada a negociar a implementação do Acordo de Paris, de 11 a 22 de novembro de 2019. De acordo com texto enviado ontem (27) pelo Itamaraty às Nações Unidas, a retirada da candidatura se deve às “restrições fiscais e orçamentárias” que deverão permanecer no próximo governo.
“Tendo em vista as atuais restrições fiscais e orçamentárias, que deverão permanecer no futuro próximo, e o processo de transição para a recém-eleita administração, a ser iniciada em 1º de janeiro de 2019, o governo brasileiro viu-se obrigado a retirar sua oferta de sediar a COP 25.”
O comunicado informa ainda que o governo brasileiro “conduziu análise minuciosa dos requisitos” para sediar a COP-25. “A análise enfocou, em particular, as necessidades financeiras associadas à realização do evento.”
No início de outubro, o Itamaraty comemorava que a realização da COP-25 no Brasil “reflete o consenso da sociedade brasileira sobre a importância e a urgência de ações que contribuam no combate à mudança do clima”. Nesta segunda-feira (26), e artigo publicado pelo jornal paranaense Gazeta do Povo, o embaixador Ernesto Araújo, indicado pelo presidente eleito, Jairo Bolsonaro, para ser chanceler em seu governo, criticou o que ele chamou de “alarmismo climático”.
Repercussão
Organizações não-governamentais (ONGs) ligadas às questões ambientais e aos povos indígenas lamentaram a retirada da candidatura do Brasil. Em nota, o Observatório do Clima alertou que o Brasil poderá perder o papel de protagonista nas discussões climáticas. “Com o abandono da liderança internacional nessa área, vão-se embora também oportunidades de negócios, investimentos e geração de empregos”, alerta o Observatório.
Esta semana autoridades da cidade de Foz do Iguaçu e o governador eleito do Paraná, Ratinho Junior, enviaram para Brasília um ofício em defesa da realização da COP-25 no Paraná. Segundo o documento, o evento poderia movimentar R$ 400 milhões e a circulação de cerca de 35 mil pessoas.
A ambientalista e ativista Natalie Unterstell embarca para Polônia para participar da COP-24, de 08 a 15 de dezembro. Segundo ela, sua expectativa é que a decisão tomada seja revertida. A brasileira é uma das embaixadoras globais do programa Homeward Bound, que promove a participação das mulheres na ciência e na política.
*Com informações da redação da ANBA