Giuliana Napolitano
São Paulo – Os empresários brasileiros que querem participar da reconstrução do Iraque acabam de ganhar mais reforços. A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) vem discutindo com a Jordânia, a Síria e o Líbano formas de companhias do Brasil venderem ao Iraque por meio desses países. A entidade também prepara um estudo que reúne as principais possibilidades de negócios em território iraquiano, disse à ANBA por telefone, do Cairo, o presidente da CCAB, Paulo Atallah.
Atallah chegou ao Cairo, capital do Egito, ontem (24), para participar de encontros com empresários e autoridades locais, depois de passar pelo Líbano, onde fez os últimos contatos sobre o Iraque. Em Beirute, Atallah se reuniu com o presidente libanês Émile Lahoud e com a Federação das Câmaras de Comércio para debater a proposta da CCAB de utilizar a infra-estrutura do país para exportar produtos brasileiros para o Iraque.
"Existem duas formas de chegarmos ao Iraque. Uma delas é via países do Golfo (entre eles, os Emirados Árabes, a Arábia Saudita e o Kuwait). Outra, é pela Jordânia, pela Síria e pelo Líbano", explicou. "E a Câmara avalia essas rotas", acrescentou.
A CCAB também está concluindo ainda um estudo que informará os empresários brasileiros sobre oportunidades de negócios no Iraque. "Teremos o histórico do relacionamento comercial entre Brasil e Iraque, depoimentos de antigos players, ou seja, subsídios para a ação dos empresários", declarou.
Vôo direto confirmado
Do presidente Lahoud, Atallah também obteve a confirmação de que será aberto um vôo direto entre São Paulo e Beirute. A rota será criada pela companhia libanesa Middle East Airlines, que já operou uma linha do tipo entre 1995 e 1998. "O presidente assumiu o compromisso de que o vôo será criado", declarou.
Segundo Atallah, a rota já foi aprovada pelo governo e está em "processo final" de ajuste de detalhes. Quando entrar em funcionamento, essa será a única ligação aérea direta entre o Brasil e os países árabes.
"Made in Lebanon"
O vôo deve contribuir para ampliar o intercâmbio comercial entre os parceiros, já que um dos principais obstáculos para os negócios, segundo muitos empresários, é a dificuldade de transporte.
Alternativas para aumentar o comércio bilateral, aliás, foram outro assunto na pauta de discussões entre Lahoud e Atallah. O presidente da CCAB propôs a realização de uma feira no Brasil com produtos "made in Lebanon", que seria organizada em parceria com a Câmara de Comércio do Líbano.
No ano passado, a corrente de comércio entre o Brasil e o Líbano somou US$ 61,6 milhões. A balança é favorável ao Brasil. As exportações brasileiras ficaram em US$ 54,8 milhões, apoiadas principalmente em carnes de bovinos e café. As importações, concentradas em fosfato, totalizaram US$ 6,8 milhões. Apesar de pequeno, o comércio total entre os dois países cresceu cerca de 20% em relação a 2002, quando as exportações estavam em US$ 46,2 milhões e as importações, em US$ 5,2 milhões.