Giuliana Napolitano
São Paulo – O Brasil subiu uma posição no ranking global de exportadores divulgado pela Organização Mundial do Comércio (OMC) e passou a ocupar o 25º lugar no ano passado. Mas crescimento muito mais impressionante foi observado na lista de maiores superávits comerciais: nesse quesito, o Brasil passou da 19ª para a 13ª colocação de 2002 para 2003, segundo dados compilados pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).
O Brasil registrou saldo de US$ 24,8 bilhões na balança comercial do ano passado. Foi o mais alto da história: superou inclusive os resultados recordes observados durante a década de 80, quando a política do governo era manter essa conta sempre no azul. Na época, o maior superávit foi o de 1988, de US$ 19,2 bilhões.
O salto, porém, foi causado muito mais pelo pequeno crescimento nas importações do que pela alta das exportações, disse à ANBA o diretor da AEB, José Augusto de Castro. Tanto é que, no ranking de importadores, o Brasil caiu três posições entre 2002 e 2003 e passou a ocupar a 30ª colocação.
No ano passado, enquanto as vendas externas do país aumentaram 21%, para US$ 73,1 bilhões, as compras subiram apenas 2%, para US$ 48,3%. Para 2004, a previsão do governo é de que a situação se inverta: espera-se um crescimento de 12% das exportações e um salto de até 20% das importações, puxado principalmente pela recuperação econômica.
Nas primeiras posições do ranking de maiores superávits, houve poucas mudanças, informou Castro. O primeiro lugar continuou sendo ocupado pela Alemanha, que obteve saldo de US$ 147 bilhões. Em segundo, veio o Japão, com US$ 89 bilhões, seguido por Rússia, Arábia Saudita e Irlanda.
Surpresa
Para Castro, a grande "surpresa" do relatório divulgado na última segunda-feira (5) pela OMC foi o aumento das exportações globais, de 16%. "Essa taxa superou qualquer previsão", declarou. "Tivemos guerras, Sars e uma série de outros fatores que poderiam ter prejudicado o comércio, mas tivemos um crescimento expressivo", declarou.
O diretor da AEB disse não ter ainda subsídios para explicar essa alta. Mas acrescentou que a entidade está preparando um estudo para avaliar o resultado. "Por enquanto, não há nenhuma explicação lógica e aparente para isso", afirmou.
De acordo com a OMC, em termos reais (isto é, descontada a variação cambial do dólar, que foi negativa em 2003), o crescimento das exportações mundiais foi de 4,5%. Para este ano, o organismo espera uma alta maior, de 7,5%. As vendas externas mundiais somaram US$ 7,3 trilhões em 2003.