Dubai – “O Brasil não vai participar da OPEP, o Brasil vai participar da OPEP+”, declarou Lula em evento de diálogo com a sociedade civil, sua primeira agenda deste sábado (02) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28) em Dubai. Ele comparou a participação brasileira no grupo de países produtores de petróleo seria com a do Grupo dos Sete – os sete países mais industrializados do mundo.
“É que nem eu participar do G7. Eu participo do G7 desde que ganhei a presidência da República. Aliás, o único presidente que participou de todas as reuniões do G7. Eu vou lá, escuto, só falo depois que eles tomarem a decisão, e vou embora. Não apito nada”, explicou.
Lula acha importante participar da OPEP+ porque segundo ele, é preciso convencer os países produtores de petróleo a se prepararem para reduzir os combustíveis fósseis e investir na transição energética, com a produção de energias renováveis.
“E se preparar significa aproveitar o dinheiro que eles lucram com o petróleo e fazer investimento, para que um continente grande como a América Latina possa produzir combustíveis renováveis que eles precisam, sobretudo com o hidrogênio verde”, disse o presidente.
“Se não criar alternativa, a gente não vai poder dizer que vai acabar com os combustíveis fósseis”, declarou.
Lula voltou a falar do Brasil na liderança da transição energética e da energia verde. “Esse país será imbatível nessa discussão de transição energética”, disse. Ele afirmou que 90% da energia utilizada no Brasil é renovável. “Que país tem isso no mundo? Que país tem 27% de etanol na gasolina, podendo chegar a 30% ou a 100%? Que país tem a política de biodiesel que nós temos? Acabar com alguns combustíveis fósseis é um desejo, mas é uma guerra, uma luta. Primeiro, de vencer todos os obstáculos tecnológicos, segundo é ter o suficiente de renda”, declarou.
Ele recordou que o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) terá um pacote de quase R$ 160 bilhões para o fortalecimento do setor de energia renovável. “É por isso que está aqui o Haddad, é por isso que está aqui o Rui Costa, para a gente conversar com quem tem dinheiro para fazer investimento em energia renovável. Quer ganhar? Então vai ajudar a produzir combustível renovável. Vamos ajudar a investir em eólica, vamos ajudar a investir em solar, vamos fazer combustível verde, vamos plantar cana para fazer etanol. Então, a alternativa existe”, disse. Fernando Haddad e Rui Costa são ministros, da Fazenda e Casa Civil, que acompanham Lula na viagem.
Nesta sexta-feira, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse ao veículo Bloomberg que a empresa está avaliando a possibilidade de abrir uma unidade na região do Golfo, dada a aproximação com a Opep+.
Lula participou de bilaterais com o presidente da França, Emmanuel Macron. Em seguida, em coletiva à imprensa, o presidente da França disse ser contra o acordo de livre comércio Mercosul-União Europeia, por ser um acordo antigo. Em resposta, o presidente brasileiro disse que cada país tem um direito e tem uma posição.
“Eu acho que é um direito dele ser contra o acordo. (…) A França sempre foi o país mais duro para fazer acordo porque a França é mais protecionista, sabe? Não é a mesma posição da União Europeia, que pensa outra coisa”, respondeu. Semana que vem acontece a Cúpula do Mercosul, no Rio de Janeiro.
Na reunião bilateral, Macron aceitou o convite do presidente Lula para visitar o Brasil, que ficou marcado para 27 de março de 2024. Eles conversaram sobre o acordo União Europeia e Mercosul e também sobre um aprofundamento das relações entre Brasil e França nos campos da defesa, cultura e na questão climática.
Lula também participou do Evento sobre Florestas: Protegendo a Natureza para o Clima, Vidas e Subsistência, que contou com a presença da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e com o presidente da COP28, Sultan Al Jaber.
Outro encontro bilateral foi com o presidente da União Africana, Moussa Faki, que disse que todos os africanos celebraram a vitória de Lula como uma volta das relações do Brasil com a África e convidou o presidente do Brasil para o encontro da União Africana, nos dias 17 e 18 de fevereiro do ano que vem. Lula aceitou.
O ex-primeiro-ministro do Chade, Moussa Faki, e Lula falaram também da identidade cultural comum entre Brasil e África e concordaram sobre a necessidade urgente de reforma nas instituições da governança global.
Lula ainda participou da reunião do G-77+China sobre Mudança do Clima e de reunião bilateral com o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, além de jantar de celebração do Dia Nacional dos Emirados Árabes Unidos no Parque do Jubileu, na Expo City.
O presidente do Brasil embarca neste domingo para Berlim, na Alemanha, em visita oficial.