São Paulo – A primeira quinzena de dezembro foi período de negócios, conquista de clientes e de estreitamento das relações para brasileiros no Egito, país árabe do Norte da África. Oito empresas que participaram como expositoras da feira Food Africa, que se encerrou nesta sexta-feira (12) na capital egípcia, o Cairo, relataram US$ 18,5 milhões em negócios fechados na mostra, além de expectativa de US$ 53 milhões em vendas nos próximos 12 meses a partir dos contatos feitos.

“O resultado desse ano foi mais que o dobro do ano passado, mesmo a gente estando com menos empresas, o que comprova a minha sensação de que a feira estava muito movimentada, estava muito boa”, afirmou para a reportagem da ANBA a gerente de Projetos de Internacionalização da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Fernanda Dantas, que acompanhou a participação nacional.
As empresas expuseram na Food Africa pelo Projeto Halal do Brasil, levado adiante pela Câmara Árabe e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para fomentar o fornecimento de alimentos halal produzidos no Brasil a mercados com consumidores muçulmanos. Os produtos halal são aqueles feitos segundo as regras do islamismo.

Também pelo projeto que fomenta esse comércio, em 2024, dez empresas participaram da feira no Egito, com negócios de US$ 7,59 milhões feitos durante a mostra e expectativa de US$ 34,08 milhões em vendas em doze meses. Enquanto no ano passado, foram 475 as reuniões de negócios, nesta edição os expositores brasileiros relataram 578 contatos comerciais realizados na feira.
Participaram como expositoras BRA Commodities, Aurea Internacional, Stefenoni Interagrícola, Coperaguas, Neoking Foods, NG Trade, Usibras e Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista (Camap). O Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa) fez parte do estande e trouxe para a feira a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes). A chef brasileira Ana Paula Lima cozinhou no espaço de cooking show da Food Africa, o que deu ainda mais visibilidade ao Brasil na exposição.

Empresas brasileiras também realizaram uma missão comercial no Egito na primeira quinzena de dezembro, com organização da Câmara Árabe. Parte do grupo foi composto, inclusive, por expositoras da Food Africa. A agenda da missão teve seminário realizado em conjunto com a Câmara de Comércio do Cairo, encontros B2B com cerca de 40 compradores egípcios, visita técnica e encontro com compradores do supermercado HyperOne, no qual cada empresa se apresentou, e visita à Food Africa. Participaram Aurora, BRA Commodities, Timbro, APS, Aurea Internacional, Manuel & Vitta e Prime Company.
De acordo com a diretora de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, que acompanhou a missão, as empresas estavam interessadas não apenas em exportar, mas também em importar. O Egito tem com o Mercosul um acordo de livre comércio, que além de favorecer a entrada de produtos brasileiros no Egito, beneficia também as exportações egípcias ao Brasil. Esse acordo terá a queda total das tarifas de importação em 2026. “O mercado do Egito tem crescido bastante”, disse Baltazar, lembrando do acordo e que o país é também um hub de comércio com a África.
“A missão teve como objetivos compreender o mercado, conversar com potenciais novos clientes, distribuidores e stakeholders importantes na região, além de conhecer essa nova feira, entendendo assim melhor o potencial do país”, afirma Baltazar. A agenda da missão contemplou ainda uma imersão cultural, partindo da ideia de que um melhor entendimento da cultura de um país favorece a aproximação comercial. O obejtivo também foi mostrar o crescimento do turismo como gerador de consumo local.
Aproximação de lideranças
Outra frente de aproximação do Brasil com o Egito foi a agenda de encontros que as lideranças da Câmara Árabe tiveram no país no início de dezembro. O presidente da instituição, William Adib Dib Junior, e o vice-presidente de Relações Internacionais e secretário-geral, Mohamad Orra Mourad, acompanhados pelo diretor do escritório da Câmara Árabe no Cairo, Michael Gamal, e pela diretora de Relações Institucionais do escritório, Rania Mohamed Hagrass, tiveram reuniões com os setores público e privado do Egito.

Um dos encontros foi com o diretor de Assuntos para as Américas do Ministro das Relações Exteriores do Egito, Khaled Azmy, com o qual falaram de comércio e conexão aérea Brasil-Egito. Eles também se reuniram com a conselheira da União das Câmaras Árabes, Sarah El-Gazzar, e com o secretário-geral da Federação das Câmaras de Comércio do Egito, Usama Pasha, e falaram sobre a criação de um hub para empresas brasileiras em zonas portuárias do Egito para distribuição de produtos ao continente africano.
Também foram feitas reuniões com o presidente do Conselho Empresarial Egípcio-Brasileiro, Emad El-Sewedy, com a temática da reativação do conselho, com o vice-presidente para Investimento e Promoção da Zona Econômica do Canal de Suez, Moustafa Shaikhon, sobre o estabelecimento de espaço para empresas brasileiras na zona, e com o chefe da Autoridade Aduaneira Egípcia, Ahmed Amawy, sobre a implementação da plataforma Ellos, da Câmara Árabe, para digitalizar os trâmites de comércio entre o Brasil e o Egito.
“Em função do acordo comercial Mercosul-Egito, todos enxergam o Brasil como um país muito importante para as exportações egípcias”, afirmou Mourad para a reportagem da ANBA dando sua impressão geral dos encontros no Egito. De acordo com o secretário-geral, os egípcios têm interesse não apenas no próprio mercado brasileiro, mas em fazer do país um hub de comércio com a América Latina.


