São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira reuniu representantes de cerca de 30 associações e órgãos de governo na última semana para unir esforços no atendimento a demandas árabes que surgiram durante a pandemia do novo coronavírus. A Câmara Árabe criou há cerca de um mês um comitê comercial estratégico para atender às necessidades árabes de suprimentos e, em função do alto e crescente volume de pedidos, chamou as entidades para integrar a iniciativa.
O objetivo é formar uma grande frente de atendimento ao mercado árabe, tendo como foco a diversificação de fornecedores e de produtos vendidos, principalmente de maior valor agregado. “O cenário da covid-19 trouxe uma readequação da política de segurança alimentar dos países árabes. A Câmara Árabe passou a receber novas demandas destes países, eles passaram a solicitar mais produtos e novos produtos”, disse o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun (foto acima), em reunião online com as associações.
Em função das preocupações com o suprimento, os governos árabes investiram na formação de estoques e pediram ajuda da Câmara Árabe. A demanda inicial de alguns governos e órgãos públicos gerou a formação do comitê na entidade, que logo na sequência, além de receber os pedidos que chegavam, passou também a buscar novas demandas junto aos países. A busca inicial, mais concentrada em commodities, foi se ampliando para outros tipos de produtos. Aumentar a diversificação e agregar valor virou meta do comitê.
“Assim, hoje estamos convidando vocês para integrar esse comitê estratégico, que terá, além do agronegócio, todos os setores que têm trabalhado fortemente nos países árabes e que são estratégicos para a indústria nacional, desde o segmento de cosméticos até o médico-hospitalar”, disse Hannun para os representantes das associações presentes. “Estamos aqui entendendo assim que o cenário atual apresenta diversas oportunidades para trabalharmos ainda mais”, complementou.
“Criamos o comitê estratégico e os produtos solicitados começaram a sair um pouco das commodities e começaram a entrar em cítricos, cosméticos, gel, produtos hospitalares, luvas, descartáveis, farmacêuticos”, relatou o chefe do Escritório Internacional da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, na reunião. Vários países árabes já estão em processo de reabertura do varejo e Solimeo conta que o consumo, que estava centrado principalmente nos supermercados, agora passou para produtos de maior valor agregado.
A gerente comercial da Câmara Árabe, Daniella Leite, disse que a ideia é trazer todo tipo de empresa para atender as demandas, desde as grandes até as pequenas. As que não tiverem volume de produção para atender sozinhas um só pedido, podem fazê-lo em cooperação com outras. A Câmara Árabe quer que as entidades tragam as empresas dos seus setores para atender as demandas. “Resolvemos reunir todos vocês para ver como podemos trabalhar de uma forma mais rápida”, disse Leite no encontro online.
“O importante nessa fase é conectar as empresas e os países através demandas. Que cada entidade possa distribuir as demandas a seus associados e assim poderemos ter um comércio de produtos de maior valor agregado. Os árabes estão prontos para comprar produtos de maior valor agregado do mercado brasileiro”, disse na reunião com o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour.
Desde a criação do comitê já foram registradas buscas de países como Arábia Saudita, Egito, Marrocos, Bahrein, Emirados, Kuwait e Sudão, e por produtos como açúcar, soja, laticínios, arroz, milho, leite em pó, cítricos, frango, carne bovina, ração animal, peixes, etc.
Participaram da reunião a Secretaria Especial de Comércio Exterior (Secint), a Câmara de Comércio Exterior (Camex) e a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os três integrantes do Ministério da Economia, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a SP Negócios, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).
Também estiveram na reunião online representantes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas (ABBA), Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Associação Brasileira de Estilistas (Abest), e Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva).
Participaram também a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades (Abifina), a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) e Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (Abia).
Estiveram presentes ainda o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), Arranjo Produtivo Local do Álcool (Apla), Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), Associação Brasileira da Indústria do Café Solúvel (Abics), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de confecção (Abit) e União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica).
Também participaram a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Associação dos Fabricantes de Cerâmica, Louças Sanitárias e Congêneres (Anfacer), Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).