Belo Horizonte – A família Bichara tem história antiga com o café. O avô de Tuffi Bichara veio do Líbano e no Brasil se estabeleceu como mascate na região de Vinhedo, São Paulo. Ali, ele vendia suas mercadorias para produtores italianos de café. Mas apenas em 1999, quando Tuffi e sua mulher, Marcia Bichara, decidiram mudar de cidade e de estilo de vida, o café voltou ao dia a dia da família.
Marcia é formada em História e Tuffi em Ciências Agrárias, mas os dois chegaram a Monte Alegre do Sul, no chamado Circuito das Águas Paulista, com o agroturismo em mente. “Veio o desejo de fazer algo diferente, que fosse sustentável e envolvesse agroturismo. Sabíamos que nem a agricultura e nem o turismo se sustentariam sozinhos”, conta Marcia.
A iniciativa resultou na pousada e fazenda Cafezal em Flor. Os 20 anos trabalhando com agroturismo renderam ao casal o convite para palestrar na Semana Internacional do Café, encerrada nesta sexta-feira (22) em Belo Horizonte, Minas Gerais. Na apresentação, eles falaram sobre as oportunidades de negócio em fazendas de café como uma nova atração para turistas. “Não é um mundo de fantasia. Os visitantes estão de corpo presente na lavoura, sentem o calor, os cheiros. Isso mexe com as pessoas”, pontua Marcia.
Na propriedade eles construíram espaços com material reaproveitado de construções. Chalés, restaurante de comida caipira e muitas lavouras. Passaram, então, a receber turistas interessados na experiência. “Fomos investindo, estudando. As ideias surgiram da gente e da inspiração em turismo de vinho, por exemplo. Somos ambientalistas, temos preocupação com a região mesmo, então nossa produção é de baixo impacto e somos certificados pela Cooxupé (Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé)”, revela Tuffi.
Hoje, o casal atua também com cafés especiais, ao lado do filho, Mateus Bichara, que está junto com os pais na foto acima. Na cidade que antes só se trabalhava com café de menor qualidade e vendido a preço mais barato, os dois também apostaram em grãos de qualidade. O casal foi pioneiro em trazer novas variedades da planta, processos e maquinário.
No início, as novidades causaram espanto entre os vizinhos, mas o casal conta que isso também instigou a mudança local. “Quando compramos um torrador eles foram lá ver. Muitos também compraram”, lembra Tuffi.
A produção dos Bichara é voltada para o mercado interno. “Hoje, nosso café é vendido lá na pousada e em outros pontos. Estamos criando agora um ‘e-commerce’. Nosso sonho é exportar”, conta Marcia. Para a família, um projeto move o outro. “Somos pequenos, não temos muita estrutura de produção. O turismo tem ajudado a trazer o consumidor até nós”, pontuou a empresária.
*A jornalista viajou a convite da organização da Semana Internacional do Café