São Paulo – A história egípcia vai tomar conta do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro a partir de 12 de outubro. A exposição “Egito Antigo: do cotidiano à eternidade” vai exibir 140 peças direto do Museu Egípcio de Turim (Museo Egizio), na Itália, que tem o segundo maior acervo dedicado ao Egito no Mundo, atrás apenas do Museu do Cairo, capital egípcia.
Mas os curadores Pieter Tjabbes e Paolo Marini querem mais. A ideia é atrair um público para além de quem já tem intimidade com o tema. Para isso, Tjabbes explica que a mostra vai misturar a coleção de antiguidades com pontos ‘instagramáveis’, aqueles propícios para as fotos que se espalham pela internet e fazem por si só a propaganda dos eventos.
“Muitas pessoas não têm o hábito [de ir a exposições] e outras acham que aquilo não é para elas. Tentamos mudar isso através da internet. Isso traz mais público. Eles querem saber onde foi feita aquela foto engraçada, onde fica aquele espaço. De repente, percebem que o espaço é para eles”, explicou o curador à ANBA por telefone. Tjabbes já foi responsável por exposições como as de Jean Michel Basquiat e Mondrian, ambas no CCBB.
Além das peças originais, a empresa Art Unlimited, organizadora do evento, trabalhou por mais de um ano para montar uma megaexposição sobre o período que vai de 4.000 a 30 a.C.
Na abertura da exposição, às 15 horas, o diretor do museu Egípcio de Turim, Christian Greco, conversará com o público. A entrada é franca e haverá distribuição de senhas uma hora antes do bate-papo ter início.
Egito Antigo
A mostra comemora os 30 anos do CCBB-RJ e passará ainda por São Paulo, Brasília e Belo Horizonte. “O tema é uma escolha bastante pessoal. Eu sou historiador de arte e minha vida toda eu procurei dar atenção a assuntos que me fascinam. O Egito Antigo é um desses assuntos. Apesar de não ser especialista, egiptólogo, junto com o curador do museu Egizio, estabelecemos uma linha de pensamento. Eu adaptei a exposição ao nosso público do Brasil, que em sua grande maioria nunca teve contato com o Egito e menos ainda com o Egito Antigo”, afirmou Tjabbes.
“Temos que fazer de tudo para que o público que não tem esse costume, que não teve a sorte de ter pais ricos que pudessem levá-los em viagens e exposições, também se sinta em casa”, acrescentou ele.
Entre os atrativos, já na entrada do prédio, estará uma réplica de uma estátua de dois metros do faraó Ramsés II. Lá dentro, com seis metros de altura, uma réplica da Pirâmide de Queops. Ao lado, uma sala com brincadeiras onde o rosto do visitante aparece dentro da máscara funerária de Tutancâmon. “Você parece que está dentro do sarcófago. Tem umas brincadeiras que trabalham o fascínio que as pessoas têm com tema múmia, faraó e pirâmide, tem local para fotografar você na frente da esfinge”, explicou.
A mostra está dividida entre vida cotidiana, religião e eternidade. Cada uma tem, por sua vez, cores que serão exploradas em destaque e diferentes iluminações. “No templo, cada vez que você vai mais para dentro, a luz diminui. Por isso, do amarelo ao verde e ao azul, vai ficando mais escuro também”, explicou.
Vida cotidiana
O tom amarelo do início da exposição remete à luz do sol. “Para mostrar uma coisa que muita gente esquece. Parece que eles (os antigos egípcios) só pensavam na morte, mas é o oposto. Tudo mostra que o egípcio tinha um apreço muito grande pela vida. Tanto que eles gostariam de pensar que iam continuar vivendo depois da passagem. E todo esforço do indivíduo era de garantir a vida eterna através da mumificação”, ponderou.
O cotidiano é apresentado por meio de vídeos e fotografias – do Nilo, de sítios arqueológicos, tumbas e objetos importantes. Além das imagens, há pinturas, escritos, adereços e objetos como frascos de cosméticos, sapatos e vestimentas que revelam aspectos da civilização egípcia.
Religião
O verde da religião leva os visitantes a um templo. “Os mais importantes eram bastiões de poder, econômico, político”, lembra Tjabbes. Ali eram deixadas oferendas aos deuses, como pequenas estatuetas ou – quando se era mais rico – a múmia de um animal sagrado. A religião egípcia era politeísta, marcada por muitas divindades maiores e menores. “Os gatos [ligados à deusa Bastet] eram muito populares. Quando você era mais rico, mandava o gato mumificado no caixão. O caixão que temos na exposição, tem inscrições com o pedido da pessoa que fez a oferta, e pede por uma vida saudável”, explicou.
Eternidade
O terceiro espaço aborda as tradições funerárias e a vida após a morte. O azul da eternidade traz as tumbas. Na exposição, haverá seis caixões originais e, em um deles, a múmia de uma mulher com de nome Tararó, da 25ª dinastia. “Acho que o Egito, o conceito de vida deles, a religiosidade, tem tudo a ver com nosso modo de vida. Todo mundo tem um questionamento sobre o que acontece no além. E há o fascínio com esse modo de preservar o corpo, a mumificação. Por isso a múmia está no final”, concluiu o curador.
Por fim, haverá uma réplica da tumba de Nefertari, mulher de Ramsés II – o mesmo da estátua no início da exposição. “Essa tumba é uma réplica muito fiel, pintada e com relevo. Você vai ter a impressão que está no Egito”, explica Tjabbes.
Serviço
Egito Antigo: do cotidiano à eternidade
De 12 de outubro a 27 de janeiro
CCBB Rio de Janeiro, Rua Primeiro de Março, 66, Centro
Tel.: (21) 3808-2020
De quarta a segunda, das 09 às 21 horas
Entrada gratuita
Palestra com o diretor do Museo Egizio de Turim, Christian Greco
Dia 12 de outubro, às 15 horas
As senhas serão distribuídas uma hora antes do início
CCBB São Paulo: 19/02/2020 a 11/05/2020
CCBB Distrito Federal: 02/06/2020 a 30/08/2020
CCBB Belo Horizonte: 16/09/2020 a 23/11/2020