São Paulo – Os filmes finalistas do concurso de cinema Os árabes e a 25 de Março vão ter mais oito exibições além das nove que já estavam confirmadas no início desta semana. As sessões suplementares vão ocorrer na Universidade Federal do ABC (UFABC), nos campus de Santo André e São Bernardo do Campo, de 03 a 06 de março.
Na noite desta quarta-feira (25), foi a realizada a primeira exibição para o público dos quatro curtas metragens finalistas, na Biblioteca Mário de Andrade, no centro de São Paulo. As produções têm como temas a presença árabe no Brasil e a Rua 25 de Março, símbolo dessa comunidade na capital paulista.
O cheiro de zattar, de Zeca Miranda, mostra o cotidiano do Empório Akkar, loja de alimentos árabes que fica na região da 25, o trabalho dos funcionários e do lojista Daniel Nasser e alguns momentos mais pessoais do proprietário, como uma aula de árabe e as memórias despertadas por uma foto de família.
Presente à sessão, o recifense Miranda disse que acabava de voltar de uma temporada na Itália e estava numa “entressafra de trabalhos” quando viu o anúncio do concurso na TV. A chamada foi veiculada diversas vezes e por um longo período pela Rede Bandeirantes, no ano passado.
Ele teve a ideia de mostrar o comércio tradicional, familiar e começou a pesquisar. “Fui procurar uma loja com história, ligada à cultura árabe”, disse. “Aí eu conheci o Daniel e ele foi sensacional, abriu as portas da loja para eu acompanhar a rotina, e deu nisso”, acrescentou.
Miranda, que é jornalista, mas trabalha com cinema, principalmente documentários, contou que filmou durante uma semana e que o tempo total de produção do filme foi de dois meses.
25 de Março: a memória do mundo árabe, de Gustavo Brandão, adota uma linguagem diferente. A produção intercala imagens contemporâneas da 25 com um depoimento do desenhista Paulo Sayeg, que conta memórias de infância da rua que frequentava com o pai, enquanto desenha figuras que remetem a essas lembranças.
Assim como Miranda, Brandão ficou sabendo do concurso pela TV. Ele é formado em Cinema e o filme inscrito no concurso é seu sexto curta. Por meio de um amigo conheceu Paulo Sayeg. “Ele (Sayeg) entendeu o projeto e abriu o coração”. Segundo o autor, foi o próprio entrevistado que propôs fazer os desenhos que acompanham seu depoimento. “Ele relaciona uma história pessoal e emotiva com o passado da rua”, declarou.
Brandão afirmou que demorou dez dias para captar as imagens, oito em filmagens na 25 de Março e dois no depoimento de Sayeg, e no total a produção foi realizada em três meses do início ao fim.
No filme Ao Mundo Novo, Pedro Jorge fala do avô, imigrante libanês que tinha o mesmo nome e que morreu antes de ele nascer. Junto ao pai, ele resgata as memórias do comerciante cuja loja dá nome à produção.
Foi o curta preferido de André Dias, um dos espectadores que acompanharam a exibição. Ao contrário dos outros, o filme apresenta imagens da 25 vazia, com as lojas fechadas, remetendo a uma sensação de ausência. “Esse passeio na 25 vazia eu achei muito interessante”, declarou.
A última produção apresentada foi Arabescos: do mascate ao doutor, que reúne depoimentos de imigrantes árabes e descendentes que falam da história da comunidade através das gerações, dos primeiros sírios e libaneses que chegaram ao Brasil para trabalhar como mascates, do desenvolvimento de seus negócios e da mudança dos filhos e netos para outras profissões.
O curta reúne depoimentos colhidos para um projeto acadêmico de 2004 que ficaram inéditos. A direção é de Beatriz Le Senechal.
Público dribla temporal
Mesmo com as fortes chuvas que atingiram a capital durante a tarde de quarta-feira, causando caos no trânsito e nos transportes coletivos, o público compareceu à exibição.
André Dias, que trabalha com Animação, elogiou a iniciativa do concurso. “Gostei da ideia de fazer este resgate, um registro, mas com uma visão contemporânea”, disse. Um dos objetivos da organização era justamente incentivar a criação de um acervo cinematográfico sobre a 25 e a imigração árabe em São Paulo.
A estudante Amanda Cristina acha que a maioria das pessoas que visitam a 25, hoje o maior centro de comércio popular de São Paulo, não conhece o passado da rua. “Muita gente visita [a 25], seria uma boa [conhecer a história]”, afirmou ela, que gostou mais do filme 25 de Março: a memória do mundo árabe.
Cada espectador tem direito de escolher o filme que mais gostou e o mais votado vai ganhar o prêmio na categoria Júri Popular. Na primeira sessão, 31 pessoas votaram. Nesta quinta-feira (26) foi realização a segunda sessão, no Centro Cultural Banco do Brasil, também no Centro da capital paulista. Veja abaixo as informações sobre as próximas exibições.
O concurso organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pelo Instituto da Cultura Árabe (Icarabe) recebeu 30 inscrições. Além da escolha do Júri Popular, haverá premiação nas categorias Júri Oficial e Jovens Realizadores.
Serviço
Exibições dos finalistas do concurso de cinema Os árabes e a 25 de Março
28/02/2015 – 16h – Esporte Clube Sírio – Avenida Indianópolis, 1.192, Planalto Paulista, São Paulo, SP
01/03/2015 – 17h – Clube Atlético Monte Líbano – Avenida República do Líbano, 2.267, Planalto Paulista, São Paulo, SP
02/03/2015 – 20h – Centro Cultural Banco do Brasil, Rua Álvares Penteado, 112, Centro, São Paulo, SP
03/03/2015 – 16h e 17h30 – UFABC, Auditório do Prédio Beta, Rua Arcturus, 03, Jardim Antares, São Bernardo do Campo, SP, (11) 2320-6000
04/03/2015 – 16h e 17h30 – UFABC, Auditório do Prédio Beta, Rua Arcturus, 03, Jardim Antares, São Bernardo do Campo, SP, (11) 2320-6000
05/03/2015 – 16h e 17h30 – UFABC, Auditório 211-0, Rua Abolição s/n, Vila São Pedro, Santo André, SP, (11) 4996-0000
06/03/2015 – 16h e 17h30 – UFABC, Auditório 211-0, Rua Abolição s/n, Vila São Pedro, Santo André, SP, (11) 4996-0000
06/03/2015 – 16h e 20h – Centro Cultural São Paulo, Rua Vergueiro, 1.000, São Paulo, SP
07/03/2015 – Memorial da América Latina, Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda, São Paulo, SP – Horário a confirmar
10/03/2015 – 20h – Escola Livre de Cinema e Vídeo, Avenida Utinga, 136, Santa Terezinha, Santo André, SP
