São Paulo – A cônsul-geral do Egito no Rio de Janeiro, Heba Sidhom, afirmou que a exploração de água é uma preocupação para o seu país e manifestou, nesta sexta-feira (3), o desejo de encontrar instituições parceiras no Brasil que possam ajudar o Egito e transferir conhecimento em projetos de exploração de água e geração de energia limpa, uma preocupação do presidente egípcio, Abdel Fattah El-Sisi. Sidhom visitou a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, onde foi recebida pelo presidente, Osmar Chohfi, pelo CEO e secretário-geral, Tamer Mansour, e pela diretora de Relações Institucionais, Fernanda Baltazar.
“Água, hoje, está no topo das nossas preocupações”, disse a cônsul ao questionar os executivos da Câmara Árabe se instituições brasileiras poderiam ser parceiras e também transferir conhecimento tecnológico em projetos de dessalinização de água, energia limpa e exploração do recurso natural. Chohfi disse que o Brasil é um país preparado para o manejo da água, pois obtém quase 70% da sua energia a partir de usinas hidrelétricas, mas que, por outro lado, não executa grandes processos de dessalinização de água do mar. Baltazar afirmou que há instituições, sobretudo universidades, que desenvolvem diversas pesquisas e projetos de uso da água e que podem atuar em parceria com o Egito.
Trocas comerciais com o Egito
Outros dois temas do encontro foram a certificação digital de documentos de exportação para produtos brasileiros que entram no Egito e a ampliação da pauta comercial entre os dois países. No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,3 bilhões ao Egito, sobretudo em açúcar e carnes, enquanto importou US$ 489 milhões, sendo que mais da metade foi em fertilizantes. Tanto Sidhom como Chohfi e Mansour concordaram que há espaço para que se diversifique essa pauta de exportações e importações para produtos de maior valor agregado.
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“Houve uma queda no desempenho das trocas comerciais em 2023 em comparação com 2022, muito em razão de condições externas, como a variação do dólar, mas já notamos uma recuperação no desempenho”, disse Mansour. “Acreditamos que nos próximos dois a três anos, as exportações e importações deverão apresentar desempenhos muito positivos porque as relações comerciais são muito boas e por causa do Brics”, disse Mansour em referência ao grupo anteriormente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e agora também composto por Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã, sendo que Etiópia e Irã não são países árabes.
“A visita de Lula ao Egito contribuiu para impulsionar o clima político”, afirmou também Sidhom a respeito da visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, ao Egito e também à Etiópia em fevereiro deste ano. Ela lembrou que Lula também esteve no Egito em 2022, logo após ser eleito presidente da República, mas antes de tomar posse, para acompanhar a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP27). Naquele ano, a COP27 foi realizada em Sharm-el-Sheik. Sidhom era chefe do cerimonial e recebeu instruções para oferecer a Lula os mais elevados protocolos de recepção.