Cairo – O engenheiro Sherif El Sayad (foto acima), chefe do Conselho de Exportação das Indústrias de Engenharia do Egito, revelou que os produtos de engenharia do seu país possuem uma posição notável em mercados da Europa e Golfo, e que o setor busca a expansão para África, além de se beneficiar do acordo de livre comércio do Egito com os países do Mercosul. O Egito tem um acordo de livre comércio com o bloco sul-americano desde 2017.
Sherif explicou que a indústria egípcia de engenharia conseguiu atender a alta demanda do mercado internacional, sem que houvesse falha no atendimento às necessidades do mercado interno egípcio, e que o Egito tem uma grande vantagem comparativa no setor na área elétrica e de eletrodomésticos.
O engenheiro ressaltou a importância de reduzir os custos de produção, tratando as distorções alfandegárias, atraindo investimentos nacionais e estrangeiros para indústrias complementares e promovendo a indústria nacional.
Em entrevista à ANBA, Sherif enalteceu o acordo com o Mercosul e seu considerável papel no estímulo da cooperação e do intercâmbio comercial entre Egito e os países da América Latina, especialmente o Brasil e Argentina, que dispõem de um forte potencial econômico. Ele afirmou que o benefício mútuo pode ser alcançado.
O egípcio explicou que existem grandes probabilidades de fortalecer laços entre o Egito e países do Mercosul, mas há entraves que devem ser superados a fim de facilitar o fluxo comercial e de investimentos e alcançar o objetivo do acordo. “O principal entrave são os altos custos de transporte internacional, devido à longa distância entre o Cairo e os países da América Latina, especialmente com a ausência de uma linha marítima direta e volume de intercâmbio comercial, atualmente, limitado. Dessa forma, visando construir uma troca real no âmbito comercial e de investimento, será indispensável a resolução desse problema”, detalhou Sherif.
As exportações de produtos egípcios de engenharia alcançaram um crescimento de 44% durante os primeiros oito meses de 2021 chegando perto de US$ 2 bilhões. “Indústria e exportação são as locomotivas para qualquer economia que visa crescimento e avanço, sendo que os maiores países do mundo conseguiram sua prosperidade enfatizando o setor industrial”, disse o engenheiro sobre os resultados das vendas externas.
Ele explicou que o aumento dos custos logísticos e dos insumos na China favoreceram as exportações egípcias em vários mercados. Segundo ele, levando em conta a região da África, sul da Europa e Golfo, os concorrentes egípcios são apenas China e Turquia, sendo que somente a China é responsável por dominar 70% desses mercados.
Entretanto, quando houve a greve de transporte e de matéria-prima na China, ela se tornou pouco competitiva, permitindo que o Egito se tornasse um forte exportador neste cenário, com grande potencial para atender às necessidades desses mercados, de acordo com o engenheiro.
Ressaltando o êxito da indústria egípcia em atender às necessidades dos mercados local e estrangeiro, Sherif reafirma o potencial da indústria egípcia e suas condições em se manter competitiva, conseguindo atender às necessidades do mercado local, além do aumento de 44% na demanda do mercado internacional.
Perspectivas na exportação ao Mercosul
Sherif revelou que o conselho está analisando as oportunidades de exportação para os mercados do Mercosul, iniciando com eletrodomésticos, luminárias e televisões, cujos produtos são característicos do mercado egípcio, sendo exportados para os países da União Europeia, Golfo, além de Inglaterra e Estados Unidos.
Porém, devido ao alto custo de frete, serão dispensados, na fase inicial, eletrodomésticos como geladeiras, máquinas de lavar e fogões, que ocupariam grandes espaços. Ele informou que os produtos de engenharia do Egito já são comercializados nos mercados latino-americanos, sendo que a Argentina é um dos países que mais registrou alta nas importações desses produtos neste ano.
Brasil tem indústria forte
No que diz respeito ao mercado brasileiro, o chefe do Conselho declarou que o Brasil é um forte competidor em produtos de engenharia. Preservando suas indústrias tradicionais, o país é considerado um dos principais países industrializados, com baixos custos de produção em função da disponibilidade de mão de obra, capaz de conduzir sua indústria para além das fronteiras, estabelecendo bases mundo afora.
Ele afirmou que a empresa brasileira Embraco é considerada uma das maiores fabricadoras de compressores do mundo, destinados a sistemas de refrigeração, além de produzir compressores selados, unidades condensadoras e unidades herméticas para uso doméstico e comercial.
No Egito
O chefe do Conselho de Exportação das Indústrias de Engenharia do Egito ressaltou que o governo egípcio está trabalhando fortemente para consolidar a indústria local, dado a dependência do país na importação de grande parte dos componentes de produção e das matérias-primas, o que acarreta em despesas com frete, alfândega e armazenamento, resultando no aumento do custo final da produção.
Ele explicou que o objetivo de fortalecer a industrialização local é incentivar os investidores estrangeiros a fabricarem no Egito produtos estratégicos e essenciais, que são componentes e suprimentos de produção sem alternativa local. Assim seria disponibilizada fabricação local desses produtos ao invés de importá-los, o que reduziria o gasto nacional de divisas e atenderia às necessidades locais.
Europa
Sobre a boa reputação do Egito no mercado externo, Sherif afirmou que Inglaterra vem expandindo a importação de telas de televisão em grande escala, além de eletrodomésticos, via empresas internacionais instaladas no Egito. A solução mais viável para expandir as exportações egípcias seria concentrar-se na região do Golfo, países das África e Norte da Europa, de acordo com o engenheiro.
O chefe do Conselho de Exportação das Indústrias de Engenharia do Egito ressaltou a importância da presença de um escritório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira no Cairo, destacando ser um passo certeiro para o aprimoramento do intercâmbio comercial e na resolução de obstáculos enfrentados pelos investidores de ambos os países. O escritório foi inaugurado no final do mês de setembro, com a presença do vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão.
Ele espera que o escritório trabalhe com o intuito de elevar a cooperação comercial e de investimentos, a fim de atingir os interesses de ambos os países, além de fornecer estudos de viabilidade e apresentar aos empresários as oportunidades de investimento disponíveis, as necessidades e capacidades de cada um, bem como as vantagens de investir no Egito e no Brasil.