São Paulo – O libanês Ahmad Merhi, de 55 anos, encontrou no Brasil a possibilidade de seguir empreendendo longe da terra de origem. Dono de uma pequena fábrica de bebidas no Líbano, ele se mudou do país árabe há 17 anos, fazendo do Brasil o seu refúgio e da gastronomia a fonte de renda que precisava.
Merhi viajou fugindo da guerra que aconteceu no Líbano em 2006. “Eu tentei me refugiar na Europa, mas não consegui. Quando pedi para vir morar aqui, o meu pedido foi aceito rapidamente. Desde que cheguei tenho sido tratado muito bem. Os brasileiros respeitam os refugiados e estrangeiros. Já na Europa isso não acontece, eles não nos respeitam lá.”
Antes da guerra, o libanês mantinha a fábrica de bebidas. Mas quando os conflitos começaram o local foi explodido e ele perdeu a fonte de renda. Por isso, a vinda ao Brasil, além de significar uma oportunidade de recomeço de vida, também se mostrou uma oportunidade de trabalhar novamente.
“Quando cheguei foi muito difícil, vim sozinho, sem dinheiro e sem saber falar português. Demorei meses para conseguir meu primeiro emprego em um bar, onde fazia sucos e só aprendi a falar e entender português depois de uns quatro anos. Quando juntei um pouco de dinheiro abri um restaurante, em 2011.”
A ideia de ter um restaurante veio depois de observar como o público brasileiro era receptivo à culinária árabe. Em 12 anos trabalhando com comida, o libanês mudou o endereço do restaurante algumas vezes, mas sempre se manteve na região central da cidade de São Paulo. Atualmente, atende os consumidores de segunda a sábado na Avenida São João.
“Desde que vivo aqui no Brasil já fiz muitas amizades. Gosto de tudo deste país, menos da violência. Na região central, por exemplo, onde trabalho e vivo, tem muitos assaltos e isso acaba assustando os meus fregueses”, conta o libanês.
Entre os pratos típicos mais pedidos do restaurante está o de carneiro e carne. O empreendedor também vende kafta, kibes cru e assado, falafel, esfihas aberta e fechada, mezze e doces árabes, como ninho de pistache e baklava com pistache. A kafta, kibes e falafel são acompanhados de coalhada, homus e tabule.
Apesar de ser libanês, Ahmad resolveu dar o nome de Restaurante Syria ao seu estabelecimento, em razão da popularidade do outro país árabe entre os brasileiros. “Aqui eles conhecem mais o nome da Síria. Conhecem o doce sírio, tempero sírio, por exemplo”, explica Ahmad.
Mesmo sentindo falta da esposa e dos filhos, Ahmad não pensa em voltar a morar no Líbano por causa dos conflitos que acontecem na região.
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA