Guaxupé – A demanda do Oriente Médio e dos árabes por café brasileiro tem crescido acima da média global, declarou o presidente da Cooperativa dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Carlos Augusto Rodrigues De Melo (ao centro na foto) à ANBA nesta quinta-feira (13), durante o segundo dia da Feira de Máquinas, Implementos e Insumos Agrícolas (Femagri), organizada pela Cooxupé, no município de Guaxupé, interior de Minas Gerais.
A cooperativa é a maior do setor de café no Brasil, respondendo por cerca de 14% do grão da espécie arábica produzido no País. Em 2019, a cooperativa exportou 95% mais café para o Oriente Médio, com 232,38 mil sacas de 60 kg do produto. “É uma grata surpresa para o Brasil. Nós temos estendido nossas vendas aos mercados do Oriente Médio. A Turquia e os países árabes têm tido uma demanda bastante forte em relação ao café da Cooxupé”, afirmou Augusto.
Somando todas as exportações brasileiras no ano de 2019, o bloco de países árabes também comprou mais. Foi 1,78 milhão de sacas de 60 kg, aumento de 4,9% em relação a 2018, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Segundo Augusto, os embarques para a região ainda são, em sua maioria, de cafés commodity. “O crescimento das compras dos asiáticos e do Oriente Médio tem sido acima do europeu e do mercado [total]. Existe diferenciação [entre os países] na região do Oriente Médio, claro. Alguns demandam cafés diferenciados, mas a maioria ainda é de café comum”, apontou.
A expectativa da cooperativa, no entanto, é que a procura por cafés especiais, gourmet ou certificados cresça na região. “Existe um movimento muito forte dos cafés especiais e de origem, cafés de pontuação alta e qualidade altíssima. Quem aprende a tomar café melhor dificilmente vai voltar a tomar o comum”, destacou o vice-presidente da cooperativa, Osvaldo Bachião Filho.
Para 2020, a Cooxupé projeta a safra brasileira em 62 milhões de sacas de 60 kg de café. Deste total, a cooperativa espera receber 6,8 milhões de sacas. A perspectiva é otimista porque este é um ano de bienalidade alta do café, quando a lavoura produz mais.
Ásia
Assim como em outros setores do agronegócio brasileiro, como carne bovina e de frango, o café também tem voltado seus olhos para a Ásia. “No nosso segmento café, eu posso dizer para vocês que nós estamos muito satisfeitos com a performance do mercado asiático, é o que cresce mais. Isso, falando não apenas da China, mas também de países como o Japão, que demanda muito qualidade”, explicou Augusto.
O preço da saca, no entanto, tem sido afetado pela epidemia do coronavírus, que surgiu na China e vem chegando a diversos países ao redor do mundo. “Alguns dos nossos grandes compradores estão na Ásia e a Starbucks, por exemplo, anunciou que fechou duas mil lojas da China. Em todas as commodities está tendo interferência no mercado por conta do coronavírus. Neste momento é o grande influenciador de preço”, explicou Augusto.
*A jornalista viajou a convite da Cooxupé