São Paulo – A Fundação Alexandre de Gusmão (Funag) lançou nesta semana em parceria com a Secretaria de Planejamento Diplomático do Ministério das Relações Exteriores um livro sobre a agenda internacional contemporânea, com a participação de diplomatas de 19 países e blocos econômicos, entre eles do Egito. Na foto acima, a sede do Itamaraty.
O livro, em inglês, tem como título “The Road Ahead. The 21ª Century World Order in the Eyes of Policy Planners” e traz ensaios de diretores de planejamento diplomático da União Europeia, Alemanha, Argentina, Brasil, Chile, China, Egito, Espanha, Estados Unidos, França, Indonésia, Itália, Japão, México, Portugal, Reino Unido, Rússia, Singapura e Turquia. Em português, o título quer dizer “A estrada à frente. A Ordem Mundial do Século 21 aos olhos dos planejadores diplomáticos”.
Do Egito, escreve o capítulo “The Modern Sovereign State and the Future of the International Order in the 21st Century” a ministra adjunta de Relações Exteriores para Planejamento de Políticas e Pesquisas do Ministério de Relações Exteriores, Amal Mourad. Ela está na diplomacia egípcia desde 1984. Em português, o capítulo é “O estado soberano moderno e o futuro da ordem internacional no século 21”.
De acordo com um dos organizadores da obra e primeiro-secretário na carreira diplomática no Itamaraty, Filipe Nasser, o livro é uma pequena amostra do pensamento global no cenário internacional, por onde ele caminha e o que quer cada país disso.
Material divulgado pelo Itamaraty informa que as crescentes incertezas no cenário internacional aconselham o aprofundamento do debate entre especialistas, governo e sociedade sobre os riscos e oportunidades em um mundo que passa por grandes transformações. Segundo o ministério, diante dessa conjuntura histórica complexa, a obra trata dos temas da agenda contemporânea com um olhar de futuro.
Segundo o Itamaraty, os planejadores diplomáticos são responsáveis por analisar as tendências regionais e globais à luz das prioridades dos seus países e de dar aos tomadores de decisões locais recomendações sobre estratégias de política externa. Nasser afirma que os planejadores diplomáticos estão na interseção entre o mundo das ideias e da política, já que eles pensam o que está acontecendo no mundo e aplicam nos seus países.
De acordo com Nasser, a publicação é inédita por ter reunido a reflexão desses profissionais. Pesquisas feitas pelos organizadores do livro encontraram apenas outra iniciativa semelhante, mas há mais de 40 anos, e com o envolvimento de apenas quatro ou cinco países de potências tradicionais.
Nasser conta que para convidar os diplomatas participantes do livro foram levados em conta países que têm tradição mais longeva em planejamento diplomático e que são parceiros do Brasil, além da representação geográfica e cultural global.
O capítulo escrito pela egípcia Mourad trata da atualidade e do futuro do Estado moderno soberano. Ela cita teses de que a crise em que o Estado se encontra é resultado de enormes transformações nas últimas décadas e é responsável por parte importante da incerteza no cenário internacional.
Na conclusão do capítulo, a diplomata afirma que o futuro da ordem internacional no século 21 dependerá, em parte, de como o Estado responderá à sua crise estrutural e o grau de espaço que o sistema internacional proporcionará ao Estado para se adaptar e se renovar.
A ideia é que a obra seja referência para diplomatas, acadêmicos, estudantes, intelectuais, formadores de opinião e interessados no tema. Ela teve lançamento em formato digital e pode ser baixada assim gratuitamente. O livro também terá versão ePub e tradicional, em papel, em breve – para esse último caso, pode ser adquirido no site da Funag e na loja do anexo 2 do Itamaraty, em Brasília.
Além de Nasser, também é organizador do livro o secretário de planejamento diplomático do Itamaraty, Benoni Belli. A obra tem apresentação do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, e prefácio do presidente da Funag, Sérgio Moreira Lima.
A Funag é vinculada ao Itamaraty e tem entre seus objetivos promover atividades culturais e pedagógicas no campo das relações internacionais e da história diplomática do Brasil, divulgar a política externa brasileira e contribuir para a formação no País de uma opinião pública sensível aos problemas da convivência internacional.