Dubai – O açaí é o carro-chefe do espaço brasileiro dentro da Gulfood 2022. Mais do que isso, o fruto está sendo trabalhado enquanto símbolo do Brasil. A estratégia especial para a fruta amazônica foi lançada pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) neste ano com o objetivo de ligar a imagem da iguaria ao País. A feira acontece em Dubai até o dia 17 de fevereiro e é a maior do setor no Oriente Médio. Na foto acima, o fruto do açaí.
Apesar de estar ganhando o paladar do Golfo, o consumidor da região ainda não tem claro quais as origens do produto, que tem raízes na região amazônica. “O açaí é um produto tipicamente brasileiro, que muitos consumidores ainda não associam ao Brasil. Então, temos que trabalhar essa imagem. E é um produto que sofre um beneficiamento interessante até chegar ao consumidor final. É um grande exemplo, um produto que conseguiu um avanço interessante em exportação, inclusive para a região”, apontou a chefe de operações do escritório da ApexBrasil para o Oriente Médio e Norte da África, Karen Jones.
As origens
É do solo paraense que vem a produção de pelo menos três das empresas que estão expondo na Gulfood. O Pará, inclusive, é o principal estado produtor de açaí do País e dobrou sua produção entre 2009 e 2019, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No Norte do País, o açaí é alimento básico em refeições como almoço e jantar. Já em outras regiões do Brasil e, no exterior, a fruta passou a ser consumida principalmente como sobremesa ou na busca por uma fonte saudável de energia.
De onde veio e para onde vai
Entre as marcas paraenses que já têm presença em Dubai está a Petruz Fruity. Fundada em 1982, no município de Castanhal, a empresa exporta desde 2006 e já vende para Arábia Saudita, Bahrein e Abu Dhabi, além de destinos mais tradicionais da fruta como os Estados Unidos e a Europa. Com a participação na Gulfood, a empresa espera dobrar suas vendas.
Como uma das veteranas no mercado, a Petruz acompanhou o crescimento da demanda pelo alimento no Golfo. “Inicialmente, as pessoas olhavam o fruto, a cor, e diziam ‘o que é isso?’. Hoje, a popularidade do açaí cresceu muito. As pessoas estão entendendo que isso é um superalimento, que é saudável para nós e para a Amazônia”, explicou Martin Chavez, diretor internacional da marca.
Também baseada na paraense Castanhal, a Xingu Fruit quer abrir mercado nos Emirados para sua marca. Embora já tenha sua matéria-prima no país árabe, através de private label, a Xingu ainda não tem sua marca estampando itens nas prateleiras de supermercados ou em cafeterias locais. “A empresa foi aberta em 2017, mas o dono já tinha um conhecimento muito grande no mercado do açaí, e já começamos a exportar”, conta Suany Gomes, gerente de exportação da marca.
Hoje, a Xingu vende ao exterior 25% do açaí que produz, e os outros 75% são absorvidos pelo mercado interno. “Fornecemos para praticamente todos os estados brasileiros. O Brasil ainda é o maior mercado de açaí e se vê um crescimento todos os anos, em torno de 40% a 50%”, afirmou ela.
A empresa participa da feira há quatro anos e busca, agora, abrir negócios tanto para a venda da polpa pura quanto do sorbet produzido com açaí. “Temos expectativa de crescimento. Vemos até pela própria Gulfood, ano passado nós viemos, mas foi bem diferente. Acho que com as coisas se normalizando um pouco mais, isso vai ser bem mais positivo para nós”, concluiu ela.
Já a Fast Açaí tem sua sede no Centro-Oeste brasileiro, mas também não foge à produção paraense. “Nós estamos em Goiânia e temos uma empresa parceira em Belém, no Pará, que é quem faz a extração do fruto e processamento”, contou Walesca Rocha, gerente de comércio exterior da marca.
Além do produto próprio, a indústria faz customização para outras marcas e tem, ainda, cerca de 200 unidades de franquias espalhadas pelo Brasil. Há seis anos, a empresa exporta para mercados como Estados Unidos, Angola e África do Sul. “Estamos com planejamento estratégico para esse ano de expansão aqui para os Emirados. Foi esse o objetivo da feira”, disse ela.
Para Rocha, o açaí já está no imaginário do consumidor de diferentes países, mas cada um da sua maneira. “Depende muito do local. Na Califórnia, por exemplo, eles sabem que o açaí é um produto brasileiro e conhecem as propriedades. Eles sabem que é uma substituição da refeição. Já na África do Sul, o açaí vem como um combo, por exemplo, uma salada e um bowl de açaí”, explica ela sobre os hábitos de consumo do produto brasileiro.
Além de outras empresas de açaí expondo no Pavilhão do Brasil, a marca Tropicool também está no estande Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A companhia brasileira já está presente no mercado árabe e tem, inclusive, um quiosque no maior shopping do mundo, o Dubai Mall, que fica nos Emirados Árabes Unidos.
Serviço
Gulfood 2022
De 13 a 17 de fevereiro de 2022
Dubai, Emirados Árabes Unidos, WTC
Mais informações: https://www.gulfood.com/