São Paulo – O orientalismo de Dom Pedro II, as influências do Oriente Médio no Rio de Janeiro, os refugiados sírios na Turquia e a geopolítica atual no Marrocos são tema de alguns dos ensaios presentes no livro “Trópicos Orientais, Orientes Tropicais – Reflexões sobre o Brasil e o Oriente Médio”, da doutora em História pela FGV-Rio Monique Sochaczewski (foto), que é também coordenadora acadêmica do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), do Rio de Janeiro. A obra será lançada no dia 30 de maio, na sede da instituição, na Gávea, às 17 horas.
O evento terá sessão de autógrafos e roda de conversa sobre o assunto e, além da a presença da autora, contará com a participação da professora do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e senior fellow do Cebri, Monica Herz, e do embaixador Gelson Fonseca, Conselheiro do Cebri e diretor do Centro de História e Documentação Diplomática (CHDD) do Itamaraty.
Em entrevista à ANBA, Sochaczewski informou que o livro é uma coletânea das colunas que ela escrevia para a revista online Diáspora, que trata de assuntos do Oriente Médio e Norte da África relacionados ao Brasil.
O primeiro ensaio do livro, e o maior deles, é “O Orientalismo Peculiar de Dom Pedro II”, que fala da paixão do imperador pelas regiões do Oriente Médio e Norte da África. “Dom Pedro II visitou o Egito em duas ocasiões e passou quatro meses rodando pela região, conheceu também os territórios onde hoje ficam o Líbano, a Síria e a Palestina, entre outros países do então território otomano; ele era realmente interessado em adquirir conhecimento sobre a região”, disse Sochaczewski, que é especialista no Império Otomano.
“Rio Médio-Oriental”, também um ensaio do livro, trata das influências árabes e orientais sobre as regiões cariocas da Cinelândia ao Saara, reduto médio oriental e árabe do centro da cidade desde o início do século 20. Sochaczewski organiza passeios a pé por esses bairros, apontando na arquitetura e na gastronomia as origens orientais. “Começamos pela Cinelândia, que apesar de já ter sido considerada a ‘Paris dos Trópicos’ pela influência francesa na arquitetura, tem muitos detalhes do mundo árabe, e terminamos no Saara, passando por toldos árabes, pela centenária Padaria Bassil, que vende as melhores esfihas e pães árabes da cidade, e terminamos no tradicional restaurante sírio e libanês do Seu Joel”, detalhou a doutora. Neste texto, ela menciona reportagem da ANBA sobre um roteiro turístico pelo centro de São Paulo, promovido pelo Sesc Santo André em fevereiro deste ano, que passava por locais como o Pátio do Colégio e a Rua 25 de Março contando a história da imigração árabe na cidade, principalmente de sírios e libaneses.
Outros ensaios falam sobre a produção acadêmica e audiovisual brasileira sobre a região, sobre a geopolítica atual do Marrocos, sobre a questão dos refugiados sírios na Turquia e sobre as mulheres curdas, entre outros temas.
“Este livro não tem grandes pretensões, foi um convite que surgiu no sentido de compartilhar conhecimento, são textos breves e acessíveis a todos que têm interesse sobre o Oriente”, declarou Sochaczewski. A autora fez questão de contar que a foto que ilustra a capa do livro foi tirada por ela mesma em Marrakech, no Marrocos. “É um azulejo verde e amarelo, eu achei simbólico, porque é ao mesmo tempo um mosaico bem típico do mundo árabe, e tem as cores do Brasil”, concluiu.
Serviço
Lançamento do livro “Trópicos Orientais, Orientes Tropicais – Reflexões sobre o Brasil e o Oriente Médio”
Monique Sochaczewski
Sessão de autógrafos e roda de conversa
30 de maio, quinta-feira, às 17 horas
Rua Marquês de São Vicente, 336 – Gávea
Rio de Janeiro
Grátis