Cairo – O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Marcos Montes (foto acima), conversou com autoridades egípcias em passagem pelo país árabe nesta semana sobre a facilitação de procedimentos de importação para aumentar a oferta de alimentos brasileiros ao mercado local e assim ajudar os egípcios a conterem o aumento de preços. Baixar os valores dos produtos exportados pelo Brasil foi um pedido feito pelos egípcios na viagem.
Montes ouviu a solicitação de ajuda do empresariado local, já que o Brasil é um grande fornecedor do setor no país. O ministro teve encontro com empresários que importam proteína animal brasileira no Escritório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira no Cairo. Ele ficou no Egito em missão desde a segunda-feira (09) até esta quarta-feira (11).
As cotações das commodities agrícolas estão em alta no mundo como reflexo da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, e a economia egípcia vem sofrendo com o aumento, já que o país árabe importa grande parte da comida que consome. Os empresários locais têm manifestado preocupação com desabastecimento de produtos básicos.
Em coletiva de imprensa, o ministro contou que conversou no Ministério da Agricultura do Egito sobre a habilitação de novos frigoríficos brasileiros, de carne bovina e de frango, o que faria crescer a oferta de produtos. “Aumentando a oferta, com mais indústria oferecendo, isso dá uma competitividade de preço, o preço tende a cair”, afirmou ele aos jornalistas. Montes fez questão de ressaltar que isso seria feito preservando a sanidade. “Com todo o rigor da sanidade”, disse ele.
Também foi solicitada simplificação na renovação das habilitações para os frigoríficos que já as têm. O Egito renova as habilitações a cada três anos e elas vencem no próximo outubro, segundo o ministro. “Nós falamos com o governo, o Ministério da Agricultura diz que já está providenciando a renovação. Nós pedimos para que fosse feito de outra maneira, como fazemos com outros países, chama-se pré-listing, a gente indica o frigorífico, eles vistoriam e nós autorizamos. É mais rápido”, disse.
Montes teve encontros com o vice-ministro da Agricultura do Egito, Moustafa El Sayeed, e com o ministro do Abastecimento, Ali El Moselhi, nesta terça-feira (10) no Cairo. Na segunda-feira (09), ele participou de reuniões com o setor privado, uma delas com representantes de empresas egípcias exportadoras de fertilizantes e outra com importadores de carnes do Brasil.
Licitações
O ministro falou aos jornalistas que o Brasil também pode enviar ao Egito outros cortes de frango. “São posições que facilitam um pouco o preço”, afirmou o ministro. Ele também conversou com as autoridades locais a respeito do aumento do acesso a informações sobre licitações para que o Brasil possa apresentar mais ofertas. O governo egípcio adquire seu estoque de alimentos via licitações.
Segundo Montes, os preços estão altos globalmente e que isso vai além dos alimentos. “Os preços estão altos no mundo todo, com esse conflito que houve, os preços cresceram, o preço do fertilizante cresceu assustadoramente, e por conseguinte, o custo da produção dos alimentos, seja grão, seja proteína, também está alto”, afirmou. Ele também falou que os alimentos estão caros também no Brasil.
Montes contou ainda que falou com o ministro do Abastecimento do Egito que baixar o preço é uma questão de oferta. “O Egito tem uma grande oferta de fertilizantes que pode oferecer ao Brasil e o Brasil tem uma grande oferta de alimentos que pode oferecer ao Egito”, explicou aos jornalistas.
Aumentar as alternativas de compras de produtos brasileiros deve ajudar a fazer frente aos preços, assim como uma maior venda de fertilizantes pelos egípcios ao Brasil poderia trazer equilíbrio à balança comercial dos dois países, atualmente bastante favorável ao Brasil. O ministro foi questionado pelos jornalistas árabes como esse comércio Brasil-Egito pode ser mais igual e ele apontou os fertilizantes como um dos produtos que os egípcios devem vender mais ao Brasil.
Marcos Montes está em missão ao Egito, acompanhado de delegação empresarial ligada ao agronegócio justamente para garantir o abastecimento de fertilizantes do Brasil. Boa parte dos adubos que o mercado brasileiro importa têm origem na Rússia, que está em guerra com a Ucrânia, trazendo insegurança quanto ao fornecimento aos mercados internacionais e pressionando preços.
O ministro já visitou a Jordânia, além do Egito, e nesta quinta-feira (12) e sexta-feira (13) terá agenda no Marrocos, fornecedor de fertilizantes ao Brasil. Na Jordânia, a empresa local Arab Potash mostrou disposição de exportar mais potássio ao Brasil e a indústria Jordan Phosphate Mines Company propôs a criação de joint venture para produzir com brasileiros e aumentar as vendas ao mercado do País.
Além de executivos do Ministério da Agricultura do Brasil, da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo e da Câmara Árabe, participam da missão representantes da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), da certificadora halal Cdial Halal e de indústrias de alimentos.
Saiba mais sobre a missão:
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