Cairo – Um clima de tensão e sucessivas altas ocorre no mercado egípcio de açúcar diante da redução da oferta do produto, cujo preço por quilo para o consumidor ultrapassou 55 libras (US$ 1,78). A cotação do dólar no mercado oficial está atualmente em 30,95 libras egípcias. Esta situação levou o governo a ameaçar intervir e tomar medidas rígidas para controlar os preços e limitar aumentos injustificados.
A Divisão da Indústria de Doces, Açúcar e Chocolate da Câmara das Indústrias de Alimentos da Federação das Indústrias do Egito pediu uma intervenção urgente para resolver os problemas de escassez no fornecimento de açúcar, usado como insumo na produção no país, e para que as indústrias de alimentos voltem a participar dos leilões de açúcar na Bolsa de Mercadorias do Egito, a fim de suprir suas necessidades.
Hassan Al-Fendi, presidente da Divisão de Doces, Açúcar e Chocolate da Câmara das Indústrias de Alimentos, disse que é preciso trabalhar para a regularização dos processos de produção de manufaturados, para atender as necessidades do mercado doméstico e também de exportação, que contribui para o ingresso de divisas estrangeiras e consequentemente para a estabilidade do mercado.
A Divisão ressaltou a importância do desenvolvimento de uma estratégia sustentável baseada em contratos entre empresas produtoras de açúcar e empresas que utilizam o produto como matéria-prima em suas linhas de produção, o que contribui para a estabilidade dos círculos de comercialização do açúcar.
A produção de cana-de-açúcar no Egito tem início a partir do início de janeiro e continua até maio de cada ano, enquanto a produção de açúcar de beterraba começa a partir de fevereiro e continua até agosto. O Egito produz anualmente em torno de 2,5 milhões de toneladas de açúcar, ao passo que o consumo interno varia entre 3,1 e 3,3 milhões de toneladas por ano. A lacuna entre produção e consumo é preenchida por importações.
Os preços do açúcar no mercado egípcio são os mais altos já registrados. O preço por quilo subiu para 55 libras egípcias durante o atual mês de novembro, enquanto no mês anterior, de outubro, o preço se encontrava em torno de 40 libras egípcias, cerca de US$ 1,29.
O governo propôs uma iniciativa para reduzir entre 15% e 25% os preços de sete produtos básicos, com aumento da quantidade de oferta dessas mercadorias, liberando os produtos acumulados nos portos e estimulando as empresas a aumentarem a produção no mercado interno. Entre esses produtos, está o açúcar, cujo preço foi estimado pelo governo para estar em torno de 27 libras egípcias (US$ 0,87) em pontos de venda de produtos alimentícios pertencentes ao governo do Egito.
Preços obrigatórios
O ministro do Abastecimento e Comércio Doméstico do Egito, Ali Al-Muslehi, levantou a possibilidade de usar o artigo 10 da Lei de Proteção ao Consumidor, que permite ao Conselho de Ministros impor preços obrigatórios a bens estratégicos, a fim de controlar seus preços. Embora o governo não tenha recorrido a esta cláusula, ela ainda é uma opção nas mãos do governo, que poderá usá-la, se necessário, com a finalidade de controlar os mercados. O ministro deu aos comerciantes um prazo de dez dias para colocarem seus estoques de açúcar no mercado.
No mesmo contexto, a Autoridade Geral de Abastecimento de Mercadorias, responsável pela importação de alimentos em benefício do governo do Egito, recebeu nesta semana ofertas para o fornecimento de 50 mil toneladas de açúcar bruto, sendo que o menor preço da licitação chegou a US$ 690 por tonelada. Recebeu também ofertas para fornecimento de 50 mil toneladas de açúcar branco ao preço de US$ 760 por tonelada, através da licitação lançada na semana passada. A Autoridade ainda estuda as ofertas apresentadas por fornecedores internacionais.
O Egito importa anualmente entre 700 e 900 mil toneladas para suprir a lacuna entre a produção e o consumo locais. A Autoridade Geral de Abastecimento de Mercadorias contratou um total de 150 mil toneladas de açúcar bruto do Brasil, das quais 100 mil toneladas, fornecidas pela empresa Viterra, chegaram nos meses de setembro e outubro, enquanto outras 50 mil toneladas, fornecidas pela empresa Alvean, desembarcaram em setembro.
Tradução do árabe de Georgette Merkhan