São Paulo – O Egito fez exportações de alimentos processados aos países do Mercosul no valor de US$ 26,3 milhões no ano passado. O potencial do país como exportador de alimentos foi apresentado nesta quinta-feira (10) no Encontro Empresarial Brasil-Egito, que ocorreu na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, com participação de empresas brasileiras e egípcias.
A diretora executiva do Food Export Council (FEC) do Egito, Manar Nasr (foto acima), afirmou que o Egito exportou no ano passado cerca de US$ 21 bilhões e deste total, 13% foram vendas de produtos relativos ao setor do FEC, que é o de alimentos. O valor foi de US$ 2,8 bilhões.
O encontro realizado pela Câmara Árabe em parceria com o FEC faz parte de um esforço para aumentar as exportações do Egito ao Brasil. O comércio entre os dois países ganhou incentivo com a assinatura do acordo de livre comércio Mercosul-Egito. O tratado entrou em vigor no ano passado e dá redução e isenção de imposto de importação para uma série de produtos.
Na palestra feita na Câmara Árabe, Nasr mostrou quais são atualmente os principais alimentos processados exportados pelo Egito ao Mercosul. As azeitonas em conserva estiveram no topo da pauta no ano passado, com US$ 15 milhões, seguidas por fermento, com US$ 2,9 milhões, frutas e sementes, com US$ 2,8 milhões, preparações de vegetais, com US$ 2,6 milhões, cebola seca, com US$ 1,2 milhão, e vegetais secos, com US$ 500 mil, entre outros.
As exportações egípcias de alimentos processados ao Mercosul cresceram 26% no ano passado sobre 2016, segundo dados apresentados por Nasr. As companhias egípcias estão no Brasil justamente com o intuito de fazer esse comércio crescer mais. Elas estão expondo na Apas Show, feira da Associação Paulista de Supermercados, em estande organizado pela Câmara Árabe, e após seminário nesta quinta-feira tiveram rodadas de negócios com importadores brasileiros.
O Egito exporta ao mundo uma infinidade de alimentos, desde hortaliças, queijos e açúcares, que são os de maior volume vendidos, até produtos de confeitaria, lácteos, sucos, carnes de aves, de peixes, frutas, ervas, condimentos, óleos essenciais e outros. Os produtos vão para diversas partes do mundo, como países árabes, africanos, Estados Unidos e Europa.
“Temos aqui um mercado bem promissor e podemos trabalhar isso nessa empreitada”, afirmou Nasr, sobre as atividades da missão egípcia no Brasil. A diretora executiva do FEC, inclusive, apresentou um vídeo sobre a produção egípcia de tâmaras, produto comercializado pelas companhias egípcias integrantes da delegação.
O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, fez a abertura do encontro e falou sobre a importância do comércio de duas vias entre Brasil e Egito, tanto com exportações brasileiras para o Egito como com importações brasileiras de produtos egípcios. Hannun se disse satisfeito em ver mais um passo sendo dado pelo comércio Brasil-Egito, com a realização do encontro e a presença da delegação egípcia no Brasil.
O embaixador do Egito no Brasil, Alaa Roushdy, falou aos presentes e disse acreditar no potencial da exportação de alimentos egípcios ao Brasil. “O Brasil é um grande produtor de alimentos, não é fácil, mas com a qualidade que temos em vários produtos podemos sim aumentar esse comércio”, afirmou ele no encontro na Câmara Árabe.
Os empresários presentes também puderam saber mais detalhes sobre as questões técnicas da importação de alimentos pelo Brasil, por meio da palestra do diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do Brasil, Fábio Florêncio Fernandes. O diretor falou dos passos necessários para que alimentos e bebidas do exterior sejam vendidos no mercado brasileiro.
Fernandes contou que estão sendo automatizados processos que vão trazer desburocratização para procedimentos de importações de alimentos e bebidas, exportações destes produtos e classificação de itens importados, entre outros. Fernandes ouviu dos participantes demandas sobre importação de alho, uvas e laranjas do mundo árabe.
Após a palestra, os empresários brasileiros participaram de uma degustação de alimentos egípcios e tiveram reuniões com os exportadores do país árabe. Sandra Braz, dona da empresa Brazil Spice, que trabalha com comércio exterior, estava presente para fazer contatos com os árabes e ver as possibilidades de importação. Ela também representava no encontro as empresas Golden Spices e Santos Flora, que exportam e importam.
Abramino Schinazi, dono da empresa Sama Brasil, estava nas rodadas de negócios interessado em importar azeitonas egípcias. A Sama faz a ponte entre importadores e exportadores e cuida de toda a logística da operação de comércio. De acordo com Schinazi, o interesse pelas azeitonas é de um cliente seu que importa azeitonas argentinas.
O Encontro Empresarial Brasil-Egito desta quinta-feira foi apenas uma das várias atividades que a Câmara Árabe já promoveu para fortalecer as trocas entre os dois países, tendo em vista o acordo de livre comércio Mercosul-Egito. Entre as ações esteve a realização de um seminário com esclarecimentos sobre o tratado, no mês passado, com participação de representantes do Ministério do Comércio e Indústria do Egito, o mesmo do qual faz parte o FEC.
As relações do Mercosul e Egito – e especificamente do Brasil com o Egito – também estiveram entre os temas discutidos no Fórum Econômico Brasil-Países Árabes, que foi promovido pela Câmara Árabe em abril, na capital paulista. A Câmara Árabe também trabalhou pela realização do acordo antes que ele entrasse em vigor, o que ocorreu no final do ano passado.
Do encontro nesta quinta-feira participaram outras autoridades, como o cônsul comercial do Egito em São Paulo, Mohamed ElKhatib, o embaixador da Jordânia no Brasiil, Malek Twal, e integrantes da diretoria da Câmara Árabe, entre eles o diretor-geral Michel Alaby, o vice-presidente de Relações Internacionais, Osmar Chohfi, e os diretores William Atui e Mohamad Orra Mourad.
Veja abaixo vídeo no qual presidente da Câmara Árabe fala sobre comércio Brasil-Egito: