Cairo – O Egito obteve um empréstimo adicional de US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) do Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quarta-feira (06), depois que o Banco Central elevou as taxas de juros e permitiu que a libra egípcia (foto acima) despencasse em quase 40%.
O Banco Central do Egito se comprometeu a “permitir que a taxa de câmbio fosse determinada pelas forças do mercado”, afirmando em nota que isso era “crucial” para unificar as taxas de câmbio oficiais e do mercado negro.
Quando a bolsa de valores fechou no país nesta quarta-feira, a libra estava sendo negociada em uma baixa histórica de cerca de 50 o dólar, depois de mais de um ano de uma taxa de câmbio oficial estabilizada de cerca de 30,9 o dólar.
Consumidores no Cairo expressaram preocupação sobre a medida, um deles, Ezzat Hemaida, afirmando que isso “nos afeta em todos os aspectos”. “Assim que os comerciantes souberam que a taxa tinha mudado, os preços subiram imediatamente”, ele disse à AFPTV.
O primeiro-ministro do Egito, Mostafa Madbouly, e o FMI disseram que foi feito um acordo para aumentar um pacote de empréstimo do fundo de US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) para US$ 8 bilhões (R$ 40 bilhões).
A chefe da missão do FMI no Egito, Ivanna Vladkova Hollar, disse que as medidas são positivas, complementando que são “passos decisivos para avançar rumo a um regime de taxa de câmbio flexível digno de crédito”.
Ela também disse que a manobra “ajuda a aumentar a disponibilidade de moeda estrangeira” no país, depois de meses de uma grave escassez que provocou uma disparada na taxa do mercado negro e receios de que o Egito não conseguiria pagar suas enormes dívidas externas.
Não ficou imediatamente claro se o banco retomaria seus esforços de controlar a desvalorização da libra — como fez repetidamente no passado — ou se as forças do mercado ficariam completamente livres para estabelecer uma nova taxa de câmbio unificada.
Investimento dos Emirados
Uma taxa de câmbio inteiramente flexível e uma política monetária mais rígida estavam entre as condições estabelecidas pelo FMI em seu pacote de ajuda e acompanhamento econômico junto ao país árabe, que, no último ano, atrasou parcelas e revisões do empréstimo. O anúncio de quarta-feira veio junto com um acordo do organismo, segundo nota do FMI que não especificou um cronograma.
O Egito já desvalorizou a moeda três vezes nos últimos anos. No entanto, o país vinha resistindo a deixar que a libra flutuasse completamente, citando preocupações em relação ao impacto aos egípcios, dois terços dos quais vivem na linha da pobreza ou abaixo dela.
Analistas acreditam que o Cairo criou coragem de enfrentar a reforma da taxa de câmbio depois do anúncio feito no fim do mês passado de US$ 35 bilhões (R$ 173 bilhões) de investimento direto estrangeiro dos Emirados Árabes Unidos, valor que, segundo Hollar, “alivia as pressões financeiras no curto prazo”.
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Tradução de Guilherme Miranda