Cairo – O Egito presencia um forte aumento nos preços da carne bovina no seu mercado. Pecuaristas e comerciantes do setor atribuem a alta a diversos fatores, entre os quais se destaca o crescimento dos valores das rações que os bois comem, afetados pelo aumento mundial dos preços das matérias-primas como milho, soja e aditivos.
Um criador de gado, que pediu anonimato, disse que o mercado de comercialização de gado vive uma fase sem precedentes, em que os preços sobem apesar do recuo da demanda no último período. Contudo, os criadores são obrigados a aumentar os preços diante da alta nos valores de todos os insumos de produção.
O chefe da Divisão de Açougues da Federação das Câmaras de Comércio do Egito, Mohamed Wahba, disse que os preços da carne no país registram aumentos semanais, pressionados pelos sucessivos crescimentos, a nível mundial, dos preços das matérias-primas utilizadas na produção das rações e pela escassez de carne no mercado local.
Altas semanais de preços
Wahba afirmou que a situação no mercado da carne não tem precedente. Era normal que os preços caíssem significativamente após a data sagrada do Eid al-Adha, quando há uma diminuição significativa na demanda, mas a situação neste ano é completamente atípica, pois ocorrem sucessivos aumentos, apesar do recuo na procura.
O preço da carne de vitela (kandus) passou de 150 libras egípcias para 170 libras em áreas mais populares e o preço do quilo da mesma carne em regiões de maior renda saltou de 170 libras para 180 libras nas últimas duas semanas. O preço de um quilo de cordeiro aumentou para entre 160 libras e 180 libras, em comparação com 140 libras antes do último Eid al-Adha. O preço de um quilo de camelo, antes em 90 libras, aumentou para entre 100 libras e 120 libras.
Além do aumento do valor das forragens e seus insumos, o chefe da Divisão de Açougues atribuiu o movimento ao avanço dos custos dos embarques internacionais, já que o Egito depende da importação de matérias-primas.
Wahba explicou que o preço do gado vivo também subiu. Depois de ser vendido por 60 libras por quilo bruto, agora chega a 70 libras por quilo, sendo que os preços do boi afetam os frigoríficos.
Ele explicou que o retorno relativo da demanda contribuiu para o aumento dos preços, dado o esgotamento dos estoques de carne dos consumidores para o Eid al-Adha, que testemunhou o abate de grandes quantidades de animais.
Financiamento: carne de vitela
O ministro da Agricultura e Recuperação de Terras do Egito, Alsayid Al-Qaseer, disse, em declarações à imprensa na última semana, que o financiamento total para o projeto nacional de carne de vitela ultrapassou 5,6 bilhões de libras, beneficiando cerca de 35 mil criadores e agricultores, e contribuindo para a criação e engorda de mais de 380 mil cabeças de gado. O total foi atingido após adoção de novo financiamento para carne de vitela no valor de 128,3 milhões de libras, que beneficiou 711 pequenos e jovens criadores, totalizando 8.570 cabeças de gado.
A importação
Sobre a relação da queda nas importações de carnes congeladas com o aumento dos preços, o membro da Divisão de Açougues da Federação das Câmaras de Comércio do Egito, Mohamed Rehan, disse não ter dúvida de que a carne importada proporciona o equilíbrio ao mercado, uma vez que o Egito depende fortemente da importação de bois vivos e carne congelada para preencher a lacuna entre a produção e o consumo.
Segundo ele, existe um grande segmento de consumidores, de restaurantes a hotéis e empreendimentos turísticos, que dependem de carnes importadas de alta qualidade. De acordo com Rehan, também há gama de consumidores que dependem de carnes congeladas importadas do Brasil e da Índia, cujos preços são inferiores aos preços das carnes nacionais.
As importações de carnes congeladas do Brasil pelo Egito caíram nos primeiros oito meses deste ano para 141 mil toneladas. No mesmo período do ano passado, foram importadas 288 mil toneladas, o que significa que houve um recuo de 51%, segundo dados oficiais do Ministério da Agricultura do Egito.
Já as importações de carne indiana pelo Egito aumentaram nos oito primeiros meses de 2021, atingindo a marca de 120 mil toneladas, em comparação com as importações totais anuais de 75 mil toneladas registradas nos últimos anos.
*Traduzido do árabe por Georgette Merkhan