São Paulo – O Egito anunciou a derrubada do imposto de importação para uma série de alimentos pelo período de seis meses, o que deve beneficiar a entrada no país árabe de produtos brasileiros como a carne de frango. Decreto do primeiro-ministro egípcio Mostafa Madbouly (foto acima) sobre o assunto foi publicado no Diário Oficial da União na terça-feira (10) e vale para todos os países fornecedores, não apenas para o Brasil.
A isenção engloba alimentos como carne de frango de vários tipos, entre elas fresca e congelada, frango inteiro, em cortes e seus miúdos; miudezas comestíveis de bovinos, suínos, ovinos, caprinos frescas, refrigeradas e congeladas; laticínios; manteigas; queijos; chás; gorduras e óleos animais ou vegetais hidrogenados e outros.
“A iniciativa egípcia abre para mais produtos avícolas esse mercado, que só importava frango inteiro do Brasil, em uma faixa de peso pequena de 800 gramas a 1,5 kg. Agora temos a oportunidade de diversificar a pauta de exportações com frangos inteiros de vários tamanhos, cortes de frango, peito, coxa, sobrecoxa, miúdos de frango, entre outros”, afirmou o CEO e secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Tamer Mansour.
O executivo diz que a medida é animadora para os frigoríficos brasileiros e significa também grande oportunidade para empresas médias e pequenas entrarem nesse mercado. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o frango inteiro brasileiro, principal produto exportado ao Egito, tinha tarifa de 30%, agora zerada.
O Brasil é o principal fornecedor de frango inteiro para o mercado egípcio, com mais de 90% de participação sobre as importações do país, segundo a ABPA. “Com a suspensão da tarifa, a expectativa é que o produto brasileiro fique mais competitivo, complementando a oferta local, que tem sido impactada pelos efeitos da Influenza Aviária em seu território e dos aumentos dos custos de produção”, avaliou o presidente da ABPA, Ricardo Santin, em nota.
Tamer Mansour relata que a medida em favor da importação foi tomada por causa da situação difícil que vive a economia egípcia. Segundo ele, muitas granjas fecharam desde a época da pandemia, algumas das quais porque não conseguiram se recuperar após registro de gripe aviária no país. Além disso, há dificuldade de importação de insumos e de disponibilidade de moeda estrangeira no Egito. “O governo se viu obrigado a abrir as importações de frango para cobrir esse gap dos alimentos, sendo que o frango é um alimento prioritário”, diz Mansour.
No Egito, o setor produtivo compreendeu a medida. O vice-presidente Câmara das Indústrias de Grãos da Federação das Indústrias do Egito, Abdel Ghaffar Al-Salamouni, ressaltou que a decisão propiciará o fornecimento de produtos alimentares a preços menores, diminuindo o fardo sobre o cidadão à luz das circunstâncias difíceis que a maioria dos países do mundo está enfrentando. Ele ressalta que o governo egípcio conseguiu garantir o fornecimento de alimentos em momentos complicados como a pandemia e a guerra russo-ucraniana.
Colaborou Omar Assi, da reportagem no Cairo