Débora Rubin
São Paulo – Marisa Castello Branco é uma carioca que vive com a cabeça no Egito. Tudo começou no ginásio, quando ouviu falar pela primeira vez do Egito Antigo. Desde então, não parou mais de pesquisar sobre o tema. Formada em filosofia, Marisa se considera uma egiptóloga autodidata. Afinal, além de ler muito, já foi ao país 28 vezes e se prepara para a sua 29ª viagem em janeiro. Para fazer tais viagens, Marisa se associou a uma agência de turismo, a Abbatour, e montou seu próprio roteiro. "Vamos do Cairo até a divisa com o Sudão. Fazemos uma parte do roteiro num cruzeiro pelo Nilo", diz Marisa.
A primeira viagem foi em 1985. Desde então, não parou mais. "Acho que já levei mais de mil pessoas para lá. Tem de tudo, de menino de 12 anos que preferiu o Egito a Disney a gente de 80 anos", diz a entusiasmada egiptóloga. A "Indiana Jones" brasileira conta que o imprevisto faz parte das excursões em busca da civilização perdida. Certa vez, a caminho de Tel El-Amarna, o grupo que seguia a trator atolou em pleno deserto e ficou cinco horas esperando por socorro. "Amarna é uma aventura. Por isso fica como opcional no pacote", explica a guia egiptóloga.
No Cairo, além das tradicionais pirâmides que ficam ao redor da capital do país, Marisa faz questão de levar seu grupo até a igreja de São Sérgio, que foi erguida sobre a cripta onde a Sagrada Família se refugiou durante a fuga para o Egito. Já em Abu Simbel, ao sul, os turistas conhecem o complexo arqueológico construído a mando de Ramsés II em homenagem a si próprio e sua esposa predileta, Nefertari. A viagem dura 12 dias e costuma atrair pessoas que como Marisa são apaixonadas pelo país. "O Egito é mágico, suas imagens são fortes. Depois de ir para lá, as pessoas voltam modificadas", acredita.
Ao longo do caminho, sobretudo nos trechos percorridos a ônibus, Marisa vai contando o que os guias locais não falam. "Ele se atêm aos fatos: quando e por quem tal construção foi erguida. Eu falo do simbolismo, do que aquilo representava para os egípcios antigos", explica. As viagens custam, em média, US$ 3.500 por pessoa.
Palestras
Além das viagens temáticas, Marisa organiza uma série de palestras sobre egiptologia. Em novembro, ela fará simpósios em Brasília, no dia 21, e em São Paulo, dia 25. Serão duas palestras e uma apresentação de slides. Marisa vai falar sobre a beleza da mulher egípcia. Seu tema será: "Nefertiti, o ícone da beleza, e Nefertari, a rainha bem amada". "A mulher tinha um papel diferente no Egito Antigo, ela tinha uma posição privilegiada.", explica a estudiosa.
Em seguida, o arqueólogo Luiz Octávio Louro Gomes falará sobre o papiro e a sua importância no Egito Antigo. Por fim, haverá uma apresentação de slides acompanhada de uma leitura dramatizada intitulada "Tebas das Cem Portas", gravada em um estúdio de rádio pela própria Marisa e outros participantes.
Marisa também já escreveu um livro, "Do Egito Milenar à eternidade", lançado em 2001. Nele, ela fala sobre como os egípcios antigos negavam a morte apostando na idéia de eternidade. "Toda a cultura deles foi construída sobre esse foco. Eles nasciam e morriam acreditando que a vida era eterna."
Aos 74 anos – "e bem vividos", diz – Marisa vai ter, pela primeira vez, uma companhia familiar em suas excursões. Sua neta mais velha, de 26 anos, vai participar da aventura da vovó Jones em 2007.
Informações e inscrições
Abbatour – www.abbatour.com.br
Tel: +55 (11) 3285-1100