São Paulo – O embaixador do Egito em Brasília, Wael Aboumagd, teve uma agenda intensa nesta semana para abrir diálogo com diferentes setores em São Paulo, capital. “Nos negócios, a relação entre Brasil e Egito está indo bem, mas podemos fazer melhor. Podemos trazer mais a cultura de um país ao outro e de povo para povo. E em questões governamentais também. O Brasil é líder na sua região e o Egito na região dele. Nós devemos tornar mais diversa e dinâmica essa relação. Estou sempre olhando para o potencial e nunca estou satisfeito. Nós temos que fazer sempre melhor”, afirmou ele em entrevista exclusiva à ANBA.
A missão do diplomata à capital paulista foi realizada com apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e do Escritório Comercial do Egito em São Paulo. O cronograma de atividades do embaixador na cidade se estendeu de segunda-feira (05) até esta quinta-feira (08). A chefe do Escritório Comercial do Egito em São Paulo, Nashwa Bakr, e a equipe da Câmara Árabe acompanharam o embaixador em alguns de seus compromissos. A visita à Câmara Árabe fez parte da agenda.
Para Aboumagd, uma das reuniões mais produtivas foi com o governador do estado de São Paulo, João Doria. “Para mim a relação do Egito com São Paulo é muito importante. Só posso descrever essa reunião como excelente. Ele [governador] ofereceu muitas ideias, algumas a respeito de cultura, outras sobre turismo e negócios. São sugestões que quero começar a colocar em prática assim que retornar a Brasília”, disse o diplomata.
Também com o setor público, o egípcio esteve com executivos da Secretaria Municipal de Relações Internacionais e da São Paulo Turismo, empresa oficial de turismo e eventos da cidade de São Paulo. O principal tema da reunião foi a linha aérea direta entre São Paulo e a capital do Egito, Cairo, que está em trâmite para ser lançada.
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Ainda na área de turismo, mas desta vez falando com o setor privado, a reunião do diplomata com foi a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav). “Foi muito importante falar com as agências de turismo porque acredito que eles são os líderes, é o domínio deles. Pedi para eles me descreverem as barreiras que encontram e como o governo pode ajudá-los”, lembrou ele. Um dos tópicos tratados no encontro foi a respeito da feira Brazil Travel Market, que acontecerá em outubro. “Vou encorajar fortemente a participação egípcia no evento”, afirmou Aboumagd.
Oportunidade na indústria farmacêutica
Outro setor de destaque para o Egito é o farmacêutico. Para tratar de oportunidades no nicho, o diplomata se reuniu com representantes da Eurofarma, multinacional do setor de fármacos com capital 100% brasileiro. “O Egito tem uma indústria farmacêutica muito madura, com grandes companhias. O mesmo acontece na área de pesquisa e desenvolvimento, sendo que a maioria é de empresas privadas. Existe potencial lá para cooperação. Claro que venda e compra são sempre possibilidades, mas o que eu estou abordando aqui é o potencial para ir além disso. Para joint ventures que tornem possível que a Eurofarma entre neste grande mercado do Egito, que também tem acordos de livre comércio com países árabes e africanos”, concluiu o embaixador, lembrando que ter presença no Egito pode servir como porta para entrada em outros mercados.
Aboumagd se reuniu, ainda, com executivos da BRF, uma das maiores indústrias de alimentos do mundo e importante fornecedora de carne de frango e bovina ao Egito. “Nós discutimos todos os aspectos, porque como embaixador estou aqui para resolver questões quando elas surgem. Então, escutei algumas preocupações e me comprometi a comunicá-las ao Cairo. A BRF é uma importante exportadora de carne de frango e bovina e estou feliz de podermos continuar esse relacionamento”, disse. O diplomata deve ter também uma reunião com a JBS quando retornar a Brasília.
Em outra reunião, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o embaixador falou com Paulo Skaf, então presidente da entidade. “Tivemos discussões detalhadas sobre o estado atual das relações comerciais entre o Egito e as empresas no estado de São Paulo. Também concordamos em trabalhar para organizar uma série de reuniões entre empresas e líderes da indústria de ambos os lados em um futuro próximo. Enfatizamos a importância de não apenas ampliar as relações comerciais, mas também a necessidade de focar na cooperação que agregue valor, como joint ventures, possibilidades de investimento mútuo e cooperação em pesquisa e desenvolvimento”, concluiu o diplomata.
Ainda em São Paulo, o embaixador conversou com executivos da Wadi Al Zaytoon, marca egípcia que exporta ao Brasil, e da Vicunha, companhia que tem braços em diversos setores, incluindo na confecção de calças jeans. A agenda do diplomata na capital paulista inclui também visita à Catedral Ortodoxa Copta de São Marcos e reuniões com representantes da Faculdade Getúlio Vargas e da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras).