Giuliana Napolitano*
São Paulo – A crise que o setor de aviação enfrenta na maioria dos países passa longe do Oriente Médio. Em menos de 20 dias, apenas nos Emirados Árabes Unidos, foram inauguradas duas companhias aéreas. Uma delas, a Etihad Airways, fez seu primeiro vôo na última quarta-feira (5), com aeronaves alugadas da brasileira TAM.
A outra empresa é a Air Arabia, que começou a funcionar no final de outubro e introduziu novos conceitos no mercado árabe, como as refeições self service durante os vôos e a venda de passagens pela internet. Agora, os Emirados têm quatro companhias aéreas: as outras duas são a Emirates Airline e a Gulf Air.
Os governos locais têm participações em todas as empresas. A Etihad e a Gulf, por exemplo, são financiadas por Abu Dhabi, capital dos Emirados. A Air Arabia recebe recursos da administração de Sharjah, cidade que fica ao norte do país, e a Emirates é mantida por Dubai, pólo econômico da região.
"Não há conflito de interesses"
O aumento da concorrência não parece assustar os executivos das empresas. A justificativa é de que o crescimento da demanda por vôos nos Emirados – impulsionada principalmente pelo aumento do turismo, convencional e de negócios, na região – comporta o lançamento de mais duas companhias.
"A inauguração da Etihad é boa para o futuro da indústria da aviação do país", declarou à agência de notícias Gulf News o presidente da Gulf Air. "Não acredito que haverá conflito de interesses. Outra empresa significa, claro, mais competição, mas isso é bom para os clientes e para o setor como um todo", acrescentou. As empresas também estão de olho no mercado potencial do Iraque, após o término dos conflitos no país.
É o oposto do que vem acontecendo na maior parte do mundo. Desde os atentados terroristas de 11 de setembro, as empresas aéreas enfrentam a pior crise do setor de aviação comercial. Muitas companhias faliram e outras passam por maus momentos, porque o fluxo de passageiros diminuiu e, em alguns casos, os custos aumentaram.
Comissários brasileiros
Para tentar contornar da crise, a TAM resolveu alugar duas aeronaves para a Etihad. Os aviões desembarcaram em Abu Dhabi em setembro, para um contrato de cerca de seis meses, segundo informações da assessoria de imprensa da empresa brasileira. Os aviões têm capacidade para 225 passageiros – 18 na primeira classe, 36 na executiva e 171 na econômica.
Também foram para os Emirados 25 comissários de bordo da TAM, que irão trabalhar no país até o final deste ano. Os funcionários receberam treinamento sobre a cultura árabe e as tradições islâmicas para poder atuar nos Emirados.
Por enquanto, a Etihad vai operar apenas com os dois Airbus da TAM. Os destinos iniciais são Beirute (Líbano) e Damasco (Síria). Depois, a idéia é ampliar a frota e oferecer vôos também para outros países árabes, para a Ásia e a Europa.
Entre 2001 e 2002, o fluxo de turistas para os Emirados Árabes cresceu mais de 30%, segundo dados da Organização Mundial do Turismo. No mundo, a alta foi de apenas 2,7%, depois de uma queda de 0,5% no ano anterior. O turismo de negócios também vem aumentando. Neste ano, por exemplo, o país sediou a reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial. Foi a primeira vez que o encontro aconteceu no Oriente Médio.
*com agências internacionais

