São Paulo – Uma empresa que vende carne bovina congelada e resfriada há mais de 30 anos no mercado interno, em 2013 começou a exportar e hoje comercializa seus produtos para mais de 50 países. Essa é a Plena Alimentos, com sede em Contagem, no estado de Minas Gerais, e plantas em Pará de Minas (MG), Porangatu (Goiás) e Paraíso do Tocantins (Tocantins).
A empresa brasileira atende praticamente todos os países árabes, possui certificação halal desde 2015 e está diversificando seu portfólio de produtos, investindo em processados como carne moída e almôndegas para o mercado externo.
A trader Beatriz Maia e o trader para Oriente Médio e Norte da África (Mena) Mohamad Sus falaram com a reportagem da ANBA. Segundo eles, a Plena atende países árabes de todas as regiões, do Norte da África, Levante e Golfo. “Atualmente atendemos Egito, Líbia, Tunísia, Palestina, Jordânia, Líbano, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Bahrein, Omã e Catar”, disse Sus.
A Plena Alimentos participou das últimas edições da Gulfood, feira de alimentos e bebidas em Dubai, e lá lançou novos produtos como a carne moída halal e a almôndega halal. “Para o negócio Plena é uma feira muito importante, voltamos cheios de novos negócios, e essas feiras deixaram de ter regionalidade, vai gente de todo o mundo”, disse Maia.
“Antes de ser habilitada para a China, em 2019, o Oriente Médio representava 50% da nossa exportação. Depois da China, essa fatia diminuiu, mas ainda assim [o mundo árabe] é muito importante para o nosso negócio”, disse Sus. A Plena tem uma de suas quatro plantas habilitadas a vender à China. O trader contou que o gigante asiático tem algumas restrições e não compra todos os produtos. Exige, por exemplo, que o abate do gado seja até os 30 meses.
Mais vendas aos árabes
Beatriz Maia disse que a Plena pretende aumentar o mix de produtos para o Oriente Médio, e que tem um time de Pesquisa e Desenvolvimento trabalhando em produtos que aumentem as vendas na região. “É um mercado muito importante e queremos crescer nossa presença e desenvolver mais produtos industrializados, como forma de diversificar o portfólio”, disse a trader.
Atualmente, os países árabes que mais compram da Plena são Líbia, Arábia Saudita e Emirados Árabes. Sus explicou que o cenário já foi diferente. “No Levante, o mercado caiu muito. O Líbano, por exemplo, vem sofrendo diversos problemas, crise política e econômica, e com isso o consumo de carne diminuiu muito no país”, disse o trader.
“O Iraque é um país que compra muito, mas a carne é exportada para a Turquia e chega ao Norte do Iraque por terra”, contou. “Para obter sucesso no Oriente Médio é preciso conhecer o mercado, seu cliente, os costumes. Nós conseguimos dar um atendimento diferenciado”, afirmou Sus.
Além dos países árabes, por ter a certificação halal, a empresa brasileira atende muitos países com populações muçulmanas ou de maioria muçulmana, mas que não são árabes.
Hora dos processados
Sobre os produtos processados da marca, Beatriz Maia explicou que a tendência é que os produtos sejam vendidos cada vez mais próximos do consumo. “As pessoas estão ficando sem tempo e queremos atender essas pessoas que querem comer carne, mas não querem comprar uma peça de patinho de cinco quilos, por exemplo. Preferem variar a dieta, comprando um pacote de um quilo de carne moída. O sentido é atender com maior mix de produtos esse consumidor que tem menos tempo”, disse a trader.
No exterior, a Plena trabalha com importadores e distribuidores que irão vender para a indústria, o food service e supermercados, atendendo toda a cadeia.
O gado
A Plena trabalha com três formas de abastecimento de gado. “O gado próprio, o de parceiros que fornecem o ano inteiro e o gado no mercado spot ou balcão”, contou Maia. São exportadas peças de carne bovina congelada e resfriada como filé mignon, coxão mole, peito e paleta.
Petiscos para pets
A empresa vende diversos produtos de carne bovina ao mercado interno e está lançando uma linha de petiscos para pets, a Petsko Snacks Naturais, produzidos na planta de Tocantins. Os petiscos são feitos com partes do gado como orelha, ossos e esôfago e alguma quantidade já é vendida aos Estados Unidos. “A indústria desse segmento está muito aquecida, começamos ano passado e esse mês entramos no mercado nacional com a marca Petsko”, disse Maia.