Cairo – A empresa egípcia Abu Qir Fertilizers and Chemical Industries Company quer aumentar as suas exportações para o Brasil e entrar nos mercados latino-americanos através da comercialização direta, sem passar por intermediários. Foi o que disse para a reportagem da ANBA no Cairo o presidente do Conselho de Administração da companhia, Abed Ezz El-Regal (foto acima).
Regal falou que a Abu Qir já exporta para o Brasil, por intermediários, e está identificando oportunidades através de cooperação com o Escritório Regional da Câmara de Comércio Árabe Brasileira no Cairo. A Câmara Árabe é uma entidade que trabalha pelo comércio Brasil-países árabes.
A Abu Qir é uma das maiores produtoras de fertilizantes do Oriente Médio, com vendas de 16,3 bilhões de libras egípcias (US$ 846 milhões pela conversão atual) durante o ano fiscal 2021-2022. A companhia quase dobrou – aumentou em 85% – as vendas sobre o ano fiscal anterior, quando elas ficaram em 8,8 bilhões de libras egípcias (US$ 457 milhões). O lucro líquido mais do que dobrou, saiu de 3,5 bilhões (US$ 182 milhões) para quase 9 bilhões (US$ 467 milhões) na mesma comparação.
Segundo Regal, a empresa procura satisfazer as necessidades dos seus clientes no mercado local e internacional, abastecendo ambos com todos os tipos de fertilizantes nitrogenados, fertilizantes químicos e materiais relacionados, derivados ou insumos necessários para sua fabricação.
O presidente do conselho de Administração recebeu no Cairo uma delegação do escritório da Câmara Árabe chefiada pelo diretor regional da entidade, Michael Gamal. Eles discutiram formas de cooperação e como fortalecer as parcerias na exploração do mercado brasileiro com as vendas diretas. A ideia é que o comércio sem intermediários resulte em aumento da exportação ao Brasil.
Na reunião, Regal destacou o grande interesse que a sua empresa tem no mercado brasileiro, considerado um dos maiores do mundo para os fertilizantes. Ele lembrou do tamanho da agricultura brasileira e disse que existem oportunidades promissoras de integração entre Egito e Brasil, já que o país árabe é um dos maiores exportadores de fertilizantes e agroquímicos do globo.
Gamal enalteceu a cooperação com a empresa. De acordo com ele, os fertilizantes nitrogenados são muito procurados em São Paulo e há oportunidades promissoras para que os fertilizantes egípcios tenham grande participação no mercado brasileiro. Segundo Gamal, a Câmara Árabe prepara missão comercial de empresas de fertilizantes ao Brasil até o final do ano para conhecer de perto as necessidades do mercado e discutir as dificuldades que limitam o aumento das exportações.
Gamal contou de ações que foram feitas pelo comércio de fertilizantes do Egito com o Brasil, como o encontro entre representantes de empresas egípcias produtoras do setor com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Marcos Montes, durante passagem da autoridade no Cairo neste ano. Na oportunidade, o grupo discutiu com o ministro, no escritório da Câmara Árabe no Cairo, os obstáculos para maior venda de fertilizantes egípcios ao Brasil e as capacidades do país árabe na área.
O diretor regional contou que o Brasil é um dos maiores países produtores de alimentos do mundo e que o Egito importa do Brasil milho, soja, açúcar e outros produtos. Ele também disse que a produção brasileira atende apenas 15% das necessidades de fertilizantes do País, fazendo com que dependa das importações para manter a produção agrícola. Segundo ele, isso significa uma oportunidade para os fertilizantes egípcios porque o Egito é o único país árabe que tem acordo de livre comércio com o Mercosul e com isso o produto pode entrar no mercado brasileiro sem taxas.
*Traduzido do árabe por Ahmed El Nagari