Giuliana Napolitano
São Paulo – O governo da Líbia acredita que o Brasil pode ser um bom mercado para os empresários locais. Por isso, enviou ao país representantes que irão avaliar as possibilidades da economia brasileira. Segundo o chefe da missão, Khaled El-Zantuti, os setores que mais chamam a atenção do governo são o agronegócio e o turismo – pelo menos por enquanto. "Estamos aqui para pesquisar as oportunidades", afirmou.
El-Zantuti é presidente da Companhia Árabe-Líbia de Investimentos Estrangeiros (Lafico, na sigla em inglês), autoridade do governo que surgiu no início da década de 1970 e regula os investimentos internacionais do país. O executivo chegou a São Paulo nesta terça-feira (10) e deve ficar no Brasil "pelo menos uma semana", quando visitará também estados do Nordeste.
O presidente da Lafico lembrou que o país já possui investimentos em outros países da África, da Europa e da América Latina e que a intenção, agora, é estabelecer uma "relação de longo prazo com o Brasil". "De forma geral, essa é nossa forma de trabalhar: temos interesses de longo prazo, não queremos apenas ter lucro em nossos negócios e fugir", disse à ANBA ontem, durante visita à Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), acompanhado pelo embaixador da Líbia no Brasil, Mohamed Heimeda Saad Matri.
Além de procurar setores para investir no Brasil, a Líbia também está ampliando a importação de produtos brasileiros, informou El-Zantuti. Estão aumentando, principalmente, as compras de carne bovina, café e açúcar, disse. Segundo o executivo, essa maior aproximação começou após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao país, no começo de dezembro do ano passado.
"Posso dizer, seguramente, que a minha vinda ao Brasil é resultado da viagem do presidente Lula à Líbia, assim como essa alta das importações", declarou. "Essa visita mostrou a boa vontade do governo brasileiro. As conseqüências têm sido muito positivas. Além disso, Lula é um líder que respeitamos muito".
Habilidade para lucrar
Mesmo antes da ida de Lula, porém, os negócios entre os dois países já começaram a crescer. As exportações do Brasil para a Líbia subiram 77%, embora o volume total ainda seja pequeno, de US$ 52,6 milhões. As importações permaneceram estáveis, em US$ 27,9 milhões. Isso porque, explicou El-Zantuti, quase toda a pauta de exportações da Líbia é composta por derivados de petróleo. "Praticamente toda a nossa produção do país fora do setor petrolífero é consumida internamente, vendemos muito pouco ao exterior".
Por isso, acrescentou o executivo, mais do que tentar exportar, a Líbia pretende investir no Brasil e também levar empresas brasileiras para o país árabe. Alguns negócios começaram a ser fechados também durante a visita de Lula.
A Samarco, por exemplo, mineradora brasileira controlada pela Companhia Vale do Rio Doce e pela multinacional BHP Billiton, assinou em dezembro um contrato US$ 125 milhões que prevê o fornecimento de minério de ferro por cinco anos à siderúrgica estatal Libyan Iron & Steel Co.
"Os investimentos do Brasil são muito bem-vindos na Líbia", disse El-Zantuti. Segundo ele, hoje, as grandes oportunidades de investimento no país estão nos setores de turismo, pesca, construção e indústria, de forma geral. Admiramos especialmente a habilidade que os empresários brasileiros têm em desenvolver negócios lucrativos", acrescentou.
Contato
Mais informações sobre investimentos podem ser obtidas na embaixada da Líbia no Brasil, com o embaixador Mohamed Heimeda Saad Matri:
Tels: (61) 248-6710 /6716
E-mail: emblibia@terra.com.br

