São Paulo – Ao final da edição deste ano da Food Africa, feira de alimentos realizada no Cairo, Egito, entre terça-feira (3) e quinta-feira (5), algumas das empresas brasileiras participantes afirmaram que fecharam negócios durante o evento ou deverão concretizar negociações em breve. As companhias tinham o objetivo de abrir uma nova via de exportações, o que, acreditam, deverá ocorrer.
As empresas brasileiras participaram da mostra por meio do Projeto Halal do Brasil, uma parceria da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) para promover no exterior a produção halal do Brasil. Halal são produtos feitos de acordo com as regras do Islã.
Gerente comercial de exportação da Coperaguas Cooperativa Agroindustrial, Julio Mariucci afirmou que participar da Food Africa foi uma oportunidade de consolidar a atuação da empresa no mercado egípcio, segundo principal destino das suas exportações, atrás apenas da Índia.
“O Egito é um mercado que atendemos há mais de 10 anos. A nossa participação foi excelente para nos consolidarmos ainda mais neste mercado. Fechamos importantes negócios e já alinhamos a estratégia com os nossos compradores para 2025”, afirmou. Os principais produtos exportados pela Coperaguas para o Egito são feijão, pipoca e amendoim.
A Cooperativa Agrícola Mista da Alta Paulista (Camap) participou da Food Africa com o objetivo de retomar as vendas para o Egito, um mercado em que já havia atuado, mas no qual a empresa perdeu competitividade por causa dos preços. A queda das alíquotas de importação proporcionada pelo acordo de livre-comércio entre Egito e Mercosul, disse o diretor da empresa, Evandro Luiz Jurevits, é uma aliada para aumentar a competitividade. A alíquota deverá ser reduzida gradualmente até chegar a zero em 2025.
“Fizemos muitos bons contatos, acreditamos que [isso] nos trará de volta ao Egito”, afirmou, lembrando que o amendoim brasileiro está na entressafra, o que reduz temporariamente a sua competitividade. “Com a chegada da nova safra, poderemos fazer bons negócios”, disse. Mesmo após a feira, Jurevits faria reuniões para fechar negócios antes de voltar ao Brasil.
Mais mercados além do Egito
Head de projetos internacionais da Câmara Árabe, Fernanda Dantas disse que a Food Africa estava movimentada e com um público interessado em fazer negócios. “Vamos ter o estande no ano que vem. A ideia é aumentar a participação, com estande maior, com mais empresas presentes aqui”, afirmou, já pensando em ações de marketing que poderão ser realizadas para atrair ainda mais clientes.
“Acho que os produtos industrializados que não sejam “premium” têm espaço aqui e o que observamos foi muita procura, muito interesse. Dá para abrir mercado para muitos produtos”, disse Dantas. Ela lamentou, porém, a ausência de empresas brasileiras produtoras de açaí, um produto que tem apelo no mercado externo. “Quem sabe ano que vem a gente consegue trazer, fazer degustação”, afirmou.
Chefe do escritório da Câmara Árabe no Cairo, Micheal Gamal destacou a força que a marca Brasil tem no Egito. “A participação [do Brasil] é muito importante, em muitos produtos. Por quê? Porque o nome Brasil tem uma fama muito boa. Todas as pessoas olham para o nome Brasil e vêm ao estande descobrir o que tem nele. Então, é muito importante a participação das empresas brasileiras”, disse. Gamal afirmou que o mercado local tem espaço para commodities, mas, além delas, há oportunidades para chocolates, cereais, nozes e castanhas.
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