São Paulo – Dezesseis fotografias que ilustram o duro trabalho de bombeiros cobertos de petróleo que jorrava dos poços destruídos pelas tropas de Saddam Hussein no Kuwait em 1991, pouco depois dos iraquianos abandonarem o país na Guerra do Golfo, formam a inédita mostra Kuwait, um deserto em chamas, exposta na Galeria Mário Cohen, em São Paulo. São peças escolhidas pelo próprio autor, o fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, em cliques que originalmente foram realizados para o jornal The New York Times.
Ao abandonar o Kuwait no começo de 1991, expulsos pelas forças da coalizão internacional, Saddam ordenou que os poços de petróleo fossem destruídos, causando enorme prejuízo ecológico, social e financeiro. Cerca de 600 poços literalmente pegaram fogo durante dez meses, queimando em torno de 6 milhões de barris de petróleo por dia.
Para apagar o incêndio e minimizar os prejuízos foram deslocados bombeiros americanos, ingleses e canadenses, dentre outras nações. Segundo Salgado, “os verdadeiros heróis da primeira Guerra do Golfo” e “fonte de inspiração para estas fotografias”.
“Era deles a tarefa mais difícil, porém, os perigos estavam por toda a parte. Dois jornalistas e alguns trabalhadores expatriados morreram ao atravessar o deserto quando seus caminhões foram engolidos por chamas. Animais como os premiados garanhões puro-sangue árabes também sofreram”, conta Salgado em um texto exposto ao lado das fotografias com imagens de bombeiros, poços jorrando petróleo, focos de incêndio recebendo água e animais cobertos de petróleo, entre outras.
“Mesmo longe dos poços de petróleo, tínhamos que tomar cuidado com as minas terrestres e as bombas de fragmentação não detonadas”, diz o fotógrafo, que viajou da Arábia Saudita para o Kuwait no começo de 1991 com o intuito de registrar essas imagens.
As dezesseis fotografias expostas fazem parte, junto com outras imagens, de um livro que traz o mesmo nome da mostra – à venda nas livrarias ou na própria galeria por R$ 259,90. “Sebastião Salgado é o mais importante fotógrafo vivo do mundo, não só por esse trabalho, mas também por conta de outras obras como Genesis e Trabalhadores”, afirma Mário Cohen, mantenedor da galeria.
Cohen conta que foi o próprio Salgado quem procurou o espaço, o primeiro da América Latina dedicado exclusivamente a fotografias. As imagens daquele que, segundo o fotógrafo, foi o maior desastre não-natural que ele presenciou, ficarão expostas até 20 de dezembro na galeria, com entrada gratuita.
Serviço
Exposição Kuwait, um deserto em chamas, de Sebastião Salgado
Galeria Mário Cohen
Rua Joaquim Antunes, 177, cj. 12
Segunda a sexta, das 11 às 19 horas
Sábados, das 11 às 15 horas
Domingos e feriados não abre
Tel.: (11) 3062-2084
http://galeriamariocohen.com.br/