São Paulo – O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, e o ministro de Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry (foto acima), se reuniram por videoconferência nesta terça-feira (02). Segundo o jornal egípcio Al Ahram, os ministros falaram sobre formas de incentivar a cooperação entre os países levando em conta os projetos que o Egito vem implementando na África para alcançar o “bem comum” dos países africanos.
Shoukry e Araújo solicitaram a cooperação entre empresas do setor privado na agricultura, pesquisa médica e farmacêutica, bem como ciência e tecnologia, informou o Ministério das Relações Exteriores egípcio em um comunicado. Eles também concordaram em estreitar as relações comerciais e os investimentos entre o Egito e o Mercosul, bloco comercial sul-americano com o qual o país árabe tem acordo de livre comércio.
O Ministério de Comércio e Indústria do Egito afirma que 600 produtos egípcios exportados para países do Mercosul estão totalmente isentos de impostos, como parte do acordo de livre comércio assinado entre o Egito e o bloco. O Brasil exportou ao Egito no ano passado US$ 1,7 bilhão em mercadorias e o Egito vendeu US$ 212 milhões em produtos ao mercado brasileiro, segundo dados da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Durante a reunião online, os dois ministros das Relações Exteriores também destacaram as fortes relações que o Egito e o Brasil compartilham em vários níveis, expressando o desejo de intensificar a coordenação bilateral em questões regionais e internacionais de interesse mútuo.
Os chanceleres ainda discutiram sobre o que há de mais recente na disputa sobre a Grande Barragem Renascentista Etíope (GERD, na sigla em inglês), observou o comunicado. Shoukry enfatizou ao seu homólogo brasileiro a insistência do Egito na necessidade de chegar a um acordo juridicamente vinculativo sobre o enchimento e operação da barragem etíope por meio de negociações sérias “sem procrastinação”.
A Etiópia construiu a barragem no afluente do rio Nilo, o Nilo Azul, e não chegou a um acordo com o Egito e o Sudão, que estão entre os países banhados pelo Nilo, a respeito do enchimento da barragem. Enquanto os etíopes querem encher a barragem no nível mais alto para resolver seus problemas de eletricidade, Sudão e Egito temem a falta de água. O abastecimento de água no Egito é fortemente atrelado ao rio.