São Paulo – As expectativas são de alta nos embarques de soja brasileira aos países árabes. A tendência foi apontada em estudo realizado pelo setor de Inteligência de Mercado (IM) da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Entre os motivos está o aumento do preço da commodity nos próximos anos no mercado internacional. Há indicações de que o crescimento nas exportações ocorrerá também em nível global.
O IM apontou que o potencial de mercado para o produto se deve à produção de ração animal e ao próprio uso para alimentação humana da soja. O imposto tarifário das vendas de soja do Brasil aos árabes é considerado baixo, o que também favorece o comércio.
É o que já ocorre nas exportações brasileiras à Arábia Saudita, Tunísia, Argélia e Egito. Estes países têm tarifa zero para as importações vindas do Brasil. De 2018 a 2020 os envios do produto se concentraram nesses quatro países.
Para ir além dessas fronteiras, o IM destaca como mercados potenciais o Bahrein, Iraque, Jordânia, Líbano, Palestina e Sudão. As tendências que levam esses mercados a se destacarem são a alteração dos hábitos de consumo atrelados à perspectiva de aumento da renda.
“O consumo de soja tem crescido de maneira muito acentuada frente ao aumento da renda, principalmente em países em desenvolvimento. O Fundo Monetário Internacional estima um crescimento da renda na maioria dos países árabes entre 2020 e 2025, países nos quais também deve ser observado crescimento populacional relevante”, diz o texto do estudo.
Outro ponto é que, em decorrência do uso da soja como ração do gado, despontam oportunidades nos países árabes que têm avançado na produção de proteína animal. É o caso observado na criação de bovinos na Arábia Saudita, Catar, Omã e Tunísia.
Potencial e desafios
Entre os pontos fortes desse comércio está a contribuição da soja e seus subprodutos ao Produto Interno Bruto (PIB) e às exportações agrícolas no Brasil. Há, ainda, o fato da soja ser utilizada como substituta do leite em produtos como leite de soja, queijo de soja, ou adicionada a itens como pão de soja, massa e farinha, e da própria carne vegetal, que se alinha ao consumo entre os jovens árabes.
Nos países em desenvolvimento a chamada “transição nutricional” impulsionaria também a compra de soja. O movimento pode ocorrer devido às rápidas mudanças socioeconômicas, demográficas e tecnológicas, que induzem a substituição gradual dos óleos e gorduras produzidos localmente por outros produtos.
Apesar de ser apontada como produto com potencial para diminuir a insegurança alimentar, o estudo aponta que é baixa a possibilidade da introdução ou expansão da produção de soja em países em desenvolvimento na África. Entre os desafios do mercado está a produção concentrada em poucos países, entre eles, Estados Unidos, Brasil, China e Argentina, que respondem por quase 90% da produção mundial. A monocultura também é alvo de críticas emergentes por conta da expansão da área cultivada.00