São Paulo – A feira de alimentos Anuga Select Brazil foi aberta nesta terça-feira (8) no Distrito Anhembi, na capital paulista, colocando em evidência o tamanho da indústria brasileira de alimentos e do mercado consumidor nacional. Esse último é atrativo para fornecedores estrangeiros do setor, entre eles países árabes, que se fazem presentes na mostra como expositores.
A participação árabe se dá em dois espaços organizados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na qual estão representadas empresas de tâmaras e azeites da Palestina e da Arábia Saudita. A feira também tem estandes individuais de companhias de pelo menos dois países árabes, o Egito e a Tunísia, e comporta o Halal Zone, espaço onde a certificadora brasileira Fambras Halal disponibiliza informações sobre mercado de produtos halal, que são aqueles produzidos segundo as exigências dos muçulmanos.
Na abertura da mostra, lideranças do setor de alimentos deixaram clara a vontade do País de crescer como fornecedor de alimentos industrializados, que, diferentes das commodities, são os que geram maior valor para o país produtor. “O Brasil sempre foi reconhecido como celeiro do mundo e alguns anos atrás começamos a apostar que a indústria brasileira deveria ser também o supermercado do mundo”, disse, na abertura, o presidente da Associação Brasileira da Indústria e Alimentos (Abia), João Dornellas.
De acordo com Dornellas, o Brasil é já desde o ano de 2022 o maior exportador de alimentos industrializados do planeta. O País tem 41 mil indústrias de alimentos e bebidas, que geram mais de 2 milhões de empregos. Esse segmento produz 283 milhões de toneladas de alimentos por ano, das quais 73% são destinadas para atender o mercado interno e 27% vão para a exportação, chegando aos consumidores da Ásia, União Europeia e Liga Árabe, entre outros, segundo Dornellas.
A abertura foi feita por Beni Piatetzky, diretor-geral da Koelnmesse Brasil, que o fez falando dos investimentos previstos para o setor de alimentos no País, de R$ 120 bilhões até 2026, como um demonstrativo do bom momento do setor. Ele disse que o cenário favorável, sustentado pelo faturamento de R$ 1,2 trilhão do setor no País leva o evento (feira Anuga Select Brazil) para um patamar ideal de apresentação de novos produtos tanto por marcas nacionais como estrangeiras.
De olho nisso, a participação árabe se dá em segmentos em que a indústria brasileira não é autossuficiente e em que o mercado nacional é importador. É o caso dos azeites, que o Brasil tem produção incipiente, apesar de crescente, mas é grande importador. No caso das tâmaras, a introdução do consumo no Brasil é recente, mas há um grande esforço de companhias do Oriente Médio para ampliar as compras dos brasileiros, a partir do apelo fitness, e fazer suas marcas crescerem. A Anuga Select Brazil deste ano tem 20 pavilhões nacionais e 17 internacionais, contando com a presença de 38 países entre os expositores.
O presidente da Câmara Árabe, William Adib Dib Junior, visitou a Anuga acompanhado do vice-presidente de Relações Internacionais e secretário-geral da instituição, Mohamad Mourad. O presidente se disse satisfeito com movimento visto na mostra e otimista com o aumento da presença árabe nas feiras do Brasil. Ele comentou ainda que se trata de um bom momento para o azeite, produto exposto pelos árabes na Anuga, em função da isenção de imposto de importação que o governo brasileiro deu para conter os preços do produto no Brasil.
William Adib Dib Junior também acredita que a presença das empresas árabes em feiras brasileiras é importante para mostrar que os países árabes têm muito mais do que petróleo. “A gente quer mostrar a diversidade do mundo árabe e como as trocas podem ser muito maiores entre o Brasil e a região”, afirmou, recomendando que as empresas árabes aproveitem as feiras para ir além do mercado brasileiro. “O Brasil é a porta de entrada para a América Latina”, disse ele para a reportagem da ANBA.
Abertura
Alguns dos países árabes que têm participação na feira estiveram representados na cerimônia de abertura da Anuga Select Brazil, entre eles o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, que também é decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, autoridades da Câmara de Comércio e Indústria de Unaizah, da Arábia Saudita, e lideranças e executivos da Fambras Halal e da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, esta última por meio do diretor William Atui, da diretora de Relações Institucionais, Fernanda Baltazar, e do assessor de Relações Institucionais, Bassel Abou Latif.
Falaram na cerimônia, além dos citados da Abia e Koelnmesse Brasil, outras lideranças de associações do setor privado e representantes de governos estaduais e federais, entre eles o governador de Rondônia, Marco Rocha. A Koelnmesse Brasil é a organizadora do evento e subsidiária da Koelnmesse GmbH.
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