São Paulo – O documentário “A Palestina Brasileira” (Brasil, 2018, 77 minutos) está buscando distribuição nacional e internacional. O longa-metragem foi lançado em janeiro deste ano pelo canal de TV por assinatura ‘Curta!’ e retrata a comunidade palestina no Rio Grande do Sul, a maior do Brasil. O filme foi produzido pela CenaUm Produções e dirigido por Omar de Barros Filho. As filmagens aconteceram em cinco cidades do estado sulista (Porto Alegre, Canoas, Sapucaia do Sul, Uruguaiana e Santana do Livramento) e também em diversas cidades da Palestina entre julho e novembro de 2016.
Em conversa por telefone com a reportagem, Barros, que também é roteirista do filme, disse que teve a ideia do documentário a partir de uma reportagem lida na ANBA, que abordava a comunidade palestina no estado gaúcho. “Li a matéria da ANBA e resolvi fazer o documentário, fui pesquisar mais a fundo sobre os palestinos aqui no Rio Grande do Sul”, informou Barros, que começou a se interessar pelo mundo árabe há seis anos, após uma visita a Sevilha e Granada, na Espanha, regiões que têm muita influência histórica, cultural e arquitetônica árabe-islâmica.
O documentário já foi legendado em espanhol, italiano, inglês e árabe, além do português, e a produtora do filme está buscando distribuição pelo Brasil e internacionalmente, pois, de acordo com o diretor, o filme dialoga com o mundo todo, já que os palestinos estão espalhados por diversas regiões do globo. “Há cinco milhões de palestinos em diáspora pelo mundo”, afirmou. Segundo estimativa da Embaixada da Palestina em Brasília, o Brasil acolhe em média 60 mil palestinos, sendo cerca de 30 mil só no Rio Grande do Sul.
“A Palestina Brasileira” já foi exibido em sessões especiais de cinema no Sul do País, e neste sábado (07) poderá ser visto na Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, às 19h30. O documentário também vai fazer parte da Mostra Internacional de Cinema Negro de São Paulo, que acontece em maio.
Interessados em distribuir o filme ou fazer sessões especiais podem entrar em contato com Barros pelo telefone (51) 99253-0887 ou pelo e-mail viapolitica@gmail.com.
Bastidores
O filme conta a história de oito famílias de origem palestina que vivem no Rio Grande do Sul, e faz a ponte com suas origens na Palestina, entrevistando amigos e familiares que ainda vivem na zona de conflito. O diretor aborda também a vida de brasileiros que moram na Palestina e enfrentam dificuldades.
“Quis fazer um filme com a linguagem das emoções, mostrando os laços familiares [desses personagens] que foram deixados para trás por razões políticas e econômicas”, contou Barros, que entrevistou famílias que vieram para o Brasil entre a década de 1950 e 1960, logo após a fundação do estado de Israel, que originou os conflitos na região. Um casal palestino que também aparece no filme veio nos anos 2000 para o Sul do Brasil, depois que estourou a guerra no Iraque, onde se refugiaram por décadas (em Bagdá), fugindo dos conflitos palestinos.
Segundo Barros, todos os palestinos entrevistados no Rio Grande do Sul não têm permissão para retornar à sua terra de origem, e todos, sem exceção, gostariam de voltar, nem que fosse para visitar. “É a casa deles, o lar, onde eles têm suas raízes, claro que têm vontade de voltar”, colocou Barros, mencionando também a importância da casa física na cultura árabe como símbolo de estrutura e estabilidade familiar.
Sobre o diretor
Este é o primeiro documentário de Barros. Seu primeiro filme foi um média-metragem de ficção de 1986 sobre a guerra em El Salvador, chamado ‘Adyos, General’. Além de cineasta, Barros é também jornalista, já trabalhou em zonas de conflito principalmente na América Central e tem livros publicados sobre o tema. Ele também trabalhou como editor e repórter dos extintos jornais Versus e Jornal da Tarde, respectivamente. Segundo o diretor, o próximo passo do projeto é transformar o filme em livro, ainda sem previsão de lançamento.