São Paulo – Após visitar o Brasil entre 15 e 27 de maio, uma delegação formada pelo corpo técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou nesta terça-feira (28) o relatório que avalia o panorama econômico dos países-membros. De acordo com o documento, o fundo revisou de 2% para 2,5% a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no médio prazo, em razão da reforma tributária e do aumento da produção de hidrocarbonetos (petróleo e derivados). Afirmou que investir em crescimento verde pode aumentar mais o potencial econômico do País.
O fundo afirma que a economia brasileira tem demonstrado “uma resiliência notável” com a queda da inflação observada nos últimos dois anos.
“As projeções indicam uma moderação do crescimento [do País] para 2,1% em 2024 e 2,4% em 2025, frente a 2,9% em 2023. A inflação deve chegar a 3,7%, no fim de 2024, e convergir para a meta de 3% na primeira metade de 2026. O déficit em conta corrente diminuiu em 2023, graças ao forte superávit comercial e foi financiado pelo IED robusto”, afirmou o documento em referência ao Investimento Estrangeiro Direto.
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Alguns dos motivos que respaldam essa resiliência, citou o FMI, são reservas cambiais suficientes, sistema financeiro sólido, baixa dependência de endividamento em moeda estrangeira, grandes reservas de caixa do governo e taxa de câmbio flexível.
FMI recomenda esforço fiscal
O FMI observou que o empenho das autoridades locais em melhorar a situação fiscal do país é “bem-vindo”. “Para posicionar a dívida pública em uma trajetória firmemente descendente e abrir espaço para investimentos prioritários, o corpo técnico do FMI recomenda um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso, apoiado por medidas que visem tanto a receita como a despesa e um marco fiscal reforçado”, avaliou a instituição.
O fundo elogiou, ainda, o avanço na “ambiciosa agenda de crescimento sustentável e inclusivo” ao citar medidas como o Plano de Transformação Ecológica, que busca promover o crescimento a partir das relações sustentáveis com a natureza, o compromisso em acabar com o desmatamento ilegal até 2030, uma nova estrutura para o mercado de carbono e a emissão do primeiro título público sustentável global ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança).
“Em vista dos consideráveis déficits de financiamento climático, louvamos o progresso na criação de instrumentos para atrair financiamento verde de longo prazo”, concluiu o fundo. A instituição monetária também expressou no documento seus sentimentos devido à tragédia no Rio Grande do Sul, cujo impacto na economia, avaliou, ainda é incerto.