São Paulo – A pandemia antecipou o futuro e, em 2020, colocou dentro dos computadores os encontros virtuais, os eventos, as feiras, a celebração de negócios e a assinatura de acordos. De agora em diante, será assim: uma mistura do digital com o físico, na avaliação dos participantes do painel “CEO Talks – Uma Nova Ordem dos Negócios Internacionais” no Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Com mediação do diretor-tesoureiro da Câmara Árabe, Nahid Chicani, o encontro realizado digitalmente na manhã desta terça-feira (20) contou com a participação do CEO da Tradeling, dos Emirados Árabes, Muhammad Chbib (foto acima); da CEO da Pharmamed, do Líbano, Hanan Saab, e do fundador da Digital Strategy Company, do Brasil, Silvio Meira.
No encontro, Chicani propôs dois desafios aos convidados: a transferência da Expo 2020, que seria realizada neste ano em Dubai, para 2021, e os benefícios da tecnologia de blockchain, que deverá ser implantada pela Câmara Árabe.
Na avaliação de Chbib, “não há dúvidas” de que, assim que houver tratamento adequado para a covid-19, eventos serão retomados. No entanto, ele observa que feiras, exposições, eventos B2B e conferências foram impactados pela pandemia e deverão demorar a retomar seu ritmo anterior. “Haverá combinação entre eventos físicos e virtuais e, apesar de restrições orçamentárias, todos poderão participar de feira virtual, pois a tecnologia ainda vai ajudar a estabelecer relacionamentos de negócios e entre as pessoas”, afirma.
Ele observa que a implantação da tecnologia blockchain irá se complementar ao novo mundo físico e virtual. Afinal, diz, blockchain garante a segurança de transferências e informações ao gerar “cadeados” em “blocos” virtuais que se conectam por meio de criptografia. Essa tecnologia amplia a segurança no ambiente de negócios. “Quando parceiros internacionais não se conhecem tanto como com os parceiros locais, vemos outra relação. O blockchain é um facilitador das relações (ao ampliar a segurança das negociações)”, diz.
De opinião similar compartilha Silvio Meira. Ele vê um futuro próximo formado por três dimensões: digital, física e social. Afinal, o elemento “social” das relações humanas está tanto no ambiente digital como no ambiente físico. “Estamos fazendo transição há 25 anos, desde o começo da internet, do espaço físico para uma articulação em que o físico é estendido pelo digital. E a combinação dos dois espaços é orquestrada pelo espaço social e passamos a ter três dimensões: física, que já existia, a digital que ganhou espaço em nossas vidas, e a social que sempre foi importante na nossa vida analógica, para articular nossas vidas”, afirmou.
Ele também entende que a implementação de blockchain garante a segurança da informação entre parceiros de negócios que ainda não são tão próximos. “Na medida que a Câmara Árabe cria registros que podem ser depositados nesta infraestrutura, ficam registrados e são imutáveis, acho que é uma habilitação para facilitar e simplificar relações internacionais”, disse Meira.
Hanan Saab, por sua vez, destacou o poder da tecnologia, durante a pandemia, para ampliar o diálogo global, alertar o mundo para os países que não encontravam equipamentos suficientes nos momentos mais graves e também para ajudar a organizar o fluxo de pacientes aos hospitais.
“Pacientes evitaram ir a hospitais com medo de contrair coronavírus. Estabelecer clínicas separadas dos hospitais se mostrou por ser prática mais segura e, além disso, médicos fizeram telemedicina e puderam acompanhar pacientes com doenças crônicas, que não precisaram ir para o hospital. Além disso, a telemedicina ajudou a analisar a contaminação pela covid-19. Aliviou a pressão nos hospitais limitando exposição e avanço do coronavírus”, disse.
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Reportagem de Marcos Carrieri, especial para a ANBA.