São Paulo – O encontro de chanceleres do G20, grupo formado pelas maiores economias do mundo, terminou nesta quinta-feira (22), no Rio de Janeiro, com a necessidade de reforma dos organismos multilaterais. Como presidente temporário do G20, o Brasil escolheu três temas principais para os encontros deste ano: combate à fome, à pobreza e às desigualdades; transição energética e enfrentamento às mudanças climáticas; e reformas das instituições multilaterais.
Na declaração final do encontro dos ministros das Relações Exteriores, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que os chanceleres reunidos na manhã desta quinta-feira concordaram que as principais instituições multilaterais, entre elas a Organização das Nações Unidas, Organização Mundial do Comércio, Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional, precisam de reforma para “se adaptar aos desafios do mundo atual”.
“Quanto à ONU, houve consenso quanto à essencialidade da organização para a paz e a segurança e para a promoção do desenvolvimento sustentável. Por isso, todos mencionaram a necessidade de se conferir impulso às discussões sobre reforma da organização, em especial do seu Conselho de Segurança, com a inclusão de novos membros permanentes e não permanentes, sobretudo da América Latina e Caribe e da África. As diferentes propostas existentes nesse sentido precisam ser efetivamente debatidas, e pretendemos impulsionar esse processo”, afirmou Vieira.
Ele afirmou também, entre os temas discutidos pelos ministros, que haverá um novo encontro de chanceleres no âmbito do G20 em setembro às margens da Assembleia Geral das Nações Unidas. Será a primeira vez que isso ocorrerá. E disse que há uma “virtual unanimidade no apoio à solução de dois Estados como sendo a única solução possível para o conflito entre Israel e Palestina”.
No evento paralelo intitulado “O papel do G20 em negociar as tensões em andamento”, o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, afirmou que o “sistema internacional” não tem sido capaz de atender às demandas que o momento global exige, citando duas falhas centrais: a violação dos princípios e leis internacionais e a falta de uma resposta unificada da comunidade internacional. O Egito e os Emirados Árabes Unidos participaram do encontro do G20 como convidados do Brasil.
Já o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Faisal bin Farhan bin Abdullah, enfatizou a importância das instituições internacionais em cumprir seus compromissos e serem claras em relação em seus posicionamentos, especialmente no que se refere à Faixa de Gaza.
Encontros bilaterais
Nesta quinta-feira, Shoukry se reuniu com o secretário de Estado norte-americano, Anthony Blinken, e reafirmou a necessidade de se alcançar um cessar-fogo em Gaza. Na quarta-feira, o chanceler egípcio esteve com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira.
Na quarta-feira (21), Shoukry esteve com Abdullah. Segundo informações da Saudi Press Agency (SPA), eles discutiram formas de fortalecer em diversos segmentos a já consolidada parceria entre os dois países. Falaram sobre os mais recentes acontecimentos globais, especialmente na Faixa de Gaza e suas redondezas. Abddullah também se encontrou com Blinken na quarta-feira.
O G20 é formado pelas maiores economias do mundo: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, além da União Africana e da União Europeia. A cúpula com os chefes de Estado será realizada em novembro, também no Rio de Janeiro. Os encontros desta semana reuniram os chanceleres.
O Brasil é o presidente temporário do G20 desde dezembro do ano passado, em mandato que termina em 30 de novembro. Além de Egito e Emirados, participaram como convidados do Brasil Portugal, Angola, Bolívia, Nigéria, Noruega, Paraguai, Cingapura, Uruguai e Espanha.