Dubai – Os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) – bloco econômico formado por Kuwait, Omã, Catar, Bahrein, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – deverão investir entre US$160 e US$ 200 bilhões em projetos no setor de energia, de acordo com relatório divulgado recentemente pelo Gulf International Bank (GIB). O banco árabe prevê a implantação de 14 a 20 projetos do setor na região nos próximos anos.
A busca por fontes mais sustentáveis e renováveis de energia está se intensificando no GCC. Os países da região tentam garantir recursos alternativos para suprir as necessidades energéticas de outros projetos, como usinas de dessalinização de água do mar e fornecimento de energia para regiões em desenvolvimento.
Apesar de contarem com grande volume de reservas de petróleo, os países do bloco pretendem desenvolver fontes de energia renovável, como a solar – que hoje representa apenas 1% do total de recursos energéticos no mundo – e a eólica.
Além disso, com o desenvolvimento de novas tecnologias, os países do GCC poderiam se tornar líderes na tecnologia de produção de energia solar, que é nova e requer uma quantidade relativamente grande de mão-de-obra. Por último, com uma indústria de energia solar bem desenvolvida, as nações do bloco econômico teriam maior facilidade para seguir padrões ambientais internacionais como o Protocolo de Kyoto, por exemplo.
Segundo o site de notícias AME Info, os países do GCC têm a mais alta taxa anual de aumento no consumo de petróleo do mundo: 4,5%, contra 2,5% para a Ásia e 1% para os Estados Unidos. O GCC utiliza 17% do petróleo que produz.
De acordo com projeções da Agência Internacional de Energia (AIE), a demanda mundial por petróleo deve passar dos atuais 80 milhões de barris por dia para 120 milhões de barris até 2030. O mundo depende dos países do Golfo para atender a essa demanda, uma vez que a produção em outras regiões está em queda (principalmente nos Estados Unidos e no Mar do Norte). Ainda segundo a AIE, há controvérsias sobre a capacidade da região para aumentar sua produção de petróleo.
De qualquer forma, as exportações de petróleo e gás do Golfo deverão se tornar cada vez mais importantes nos próximos anos. Sendo assim, quanto menos petróleo e gás natural os países do GCC utilizarem para consumo próprio, maior será a vida útil de seu mais precioso produto para exportação.
Quanto menor o consumo regional, mais petróleo ficará disponível para ser utilizado pela indústria petroquímica, peça chave para a estratégia de diversificação da região. O turismo, outro fator importante para a diversificação da economia do GCC, também é um setor altamente dependente dos combustíveis fósseis: quanto maior o preço do combustível, maior será o custo dos vôos, e menor o número de turistas.
Iniciativas
Governos e corporações no mundo todo estão reconhecendo a importância das fontes de energia renovável, Os governos da Alemanha, Estados Unidos, Japão, Índia e China criaram programas para incentivar o desenvolvimento e a distribuição de tecnologia em energia renovável.
Usinas elétricas movidas a energia eólica já concorrem com as usinas movidas a carvão. Essas usinas são responsáveis por 20% do fornecimento total na Dinamarca e 4% do total na Alemanha, por exemplo.
A Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, publicou recentemente um atlas especial que identifica regiões propícias à geração de energia eólica. Ainda segundo a AME Info, a instituição afirmou que, se todas as localidades apontadas no mapa produzissem energia usando a força do vento, uma quantidade de energia muito superior às necessidades energéticas do mundo todo seria gerada.
Nos países do GCC não venta muito; em contrapartida, a região ensolarada conta com um suprimento abundante de luz solar. O Sol fornece 15 mil vezes a quantidade de energia utilizada no planeta atualmente.
De acordo com a AME Info, até o momento, houve pouco interesse dos países do GCC em desenvolver sua indústria de energia solar. Ainda assim, há exemplos isolados de uso de energia renovável na região. Dubai, nos Emirados, abriga o primeiro edifício do Oriente Médio a utilizar energia solar para fazer funcionar o sistema de ar-condicionado. O hotel Al Bustan Rotana, também em Dubai, utiliza dispositivos para captação de energia térmica para aquecer água. A empresa de consultoria GTZ implementou uma usina de energia eólica na ilha de Bani Yas, também nos Emirados.
Finalmente, a iniciativa mais importante em energia renovável no Golfo vem de Abu Dhabi: o projeto Masdar Initiative, da construtora Mubadala, que tem como objetivo constituir um centro de excelência no setor de energias alternativas. A Masdar será a primeira cidade do mundo com taxa zero de emissão de dióxido de carbono, gás que causa o efeito estufa, conforme noticiado anteriormente pela ANBA. Haverá também um instituto de pesquisa, uma zona econômica especial, um centro de inovação e uma empresa de desenvolvimento de energias limpas. A cidade terá como metas atrair líderes tecnológicos no setor, investir em projetos de energia renovável e assim transformar Abu Dhabi de importadora em exportadora de tecnologia, ainda segundo o site AME Info.
*Tradução de Gabriel Pomerancblum com agências