São Paulo – A região do Golfo Arábico pode se tornar um pólo de atração de investimentos internacionais para o setor petroquímico. A previsão foi feita pelo vice-presidente da estatal saudita Saudi Arabian Basic Industries Corporation (Sabic), Yousef Al Zamel, ao jornal Khaleej Times.
Isso porque o Golfo, apesar de concentrar quase a metade das reservas de petróleo do mundo e pelo menos 15% das reservas de gás, responde por apenas 5% da capacidade de produção petroquímica global.
Lembrando essas estatísticas, Al Zamel afirmou que a região – especialmente, o Catar e a Arábia Saudita – tem condições de oferecer matérias-primas de qualidade para a indústria petroquímica. Isso é uma declaração de boas-vindas a empresas estrangeiras, disse o executivo, que participou a 2ª Conferência Internacional do Setor Petroquímico no Oriente Médio nesta semana em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Para Al Zamel, o Golfo continuará sendo a fonte mais confiável de petróleo e gás para serem usados como combustível ou como suprimento para o setor petroquímico em todo o mundo.
Transferências
Segundo o presidente da também estatal Saudi International Petrochemical, Ahmed A. Al Ohali, nas últimas décadas, grandes multinacionais transferiram suas operações para países em que o preço das matérias-primas e os custos de produção eram menores. "O processo foi mais óbvio nos setores petroquímico e automotivo", declarou.
"Essa migração deve continuar nos próximos anos", acredita. O executivo ressaltou, porém, que é preciso que os governo locais precisam continuar no processo de abertura econômica, para garantir que esses novos investimentos cheguem à região.
"Nos últimos anos, a Arábia Saudita e outros governos do Golfo vêm tomando diversas medidas, bastante eficientes, de liberalização da economia e de abertura ao capital externo", disse.
A própria Saudi Petrochemical foi criada pelo governo saudita para formar joint-ventures com empresas estrangeiras e ampliar a produção petroquímica do país.
Participação no PIB
Segundo Al Ohali, os governos locais têm reconhecido o aumento da participação do setor petroquímico no Produto Interno Bruto (PIB) de seus países – na avaliação do executivo, boa parte desse crescimento acontece em razão dos investimentos estrangeiros.
"Na Arábia Saudita, o governo prevê um crescimento do PIB de 5,04%. E a participação do setor privado, no segmento não-petrolífero da economia, deve aumentar para 55,4% no próximo ano, ante os 50,6% de 1999".
Fazem parte da região do Golfo Arábico a Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Kuwait e Omã. Juntas, as reservas de petróleo desses países somam cerca de 470 bilhões de barris – pouco mais de 45% do total mundial. Lidera o ranking a Arábia Saudita, com 261 bilhões de barris.
No setor de gás, o Catar tem a segunda maior reserva do mundo, de 25 trilhões de metros cúbicos. O volume – o maior do Oriente Médio – representa 15% da soma global. (Giuliana Napolitano)

