Cairo – Como parte de seu plano de expansão e abertura de novos mercados para as tâmaras, o Grupo Haggan, do Egito, pretende exportar 10 contêineres do produto neste ano, com uma média de 20 toneladas por contêiner. Os destinos devem ser variados e há expectativa de vender ao Brasil.
O engenheiro Khaled El-Haggan, presidente do Conselho de Administração do Grupo Haggan, revelou que sua empresa pretende estabelecer uma estação de triagem e embalagem equipada com os mais modernos recursos tecnológicos existentes, o que é inédito no Egito.
A empresa está neste momento procurando assegurar as condições financeiras necessárias para a construção da estação, seja através de investidores ou de financiamento, para começar a implementá-la em um futuro próximo. O custo é estimado em cerca de 200 milhões de libras egípcias, que são US$ 6,6 milhões pela conversão atual.
El-Haggan explicou, em entrevista à Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA), que a empresa possui uma fazenda com área de 41 hectares, além de uma área adjacente, com cerca de 21 hectares, que faz parte do centro de produção da empresa. A empresa produz tâmaras dos tipos medjool e barhi, além de mangas e figo-da-índia. O Grupo Haggan ainda importa mudas de palmeiras de alta qualidade de uma empresa francesa, seja para cultivá-las ou vendê-las no mercado local para outras empresas.
Segundo o empresário, a companhia exporta cerca de 50% de sua produção e coopera com outras empresas do Egito comprando seus produtos de alta qualidade e enviando para o mercado externo. A empresa busca expandir suas exportações para os mercados da Inglaterra e países do Leste Europeu e Europa Ocidental, como Alemanha, além dos mercados da Rússia, China, Austrália, Japão, Brasil e alguns outros países da América Latina.
El-Haggan revelou que, além de exportar cerca de 10 contêineres durante o corrente ano, a empresa se prepara para aumentar as vendas internacionais para 20 a 25 contêineres no próximo ano. O peso de cada contêiner usado pela empresa varia entre 18 e 20 toneladas, dependendo da metodologia adotada para embalagem e armazenamento.
Egito melhora condições para exportar
Na qualidade de presidente do Comitê de Tâmaras e Palmas do Conselho de Exportação Agrícola do Egito, o engenheiro Khaled El-Haggan disse que a gestão do setor de tâmaras e palmas no Egito começou a tomar um rumo diferente do que costumava ser no passado. Essa mudança teve início com o desenvolvimento e cultivo de variedades com maior demanda no mercado internacional.
Segundo ele, o Egito produz 1,8 milhão de toneladas anuais de tâmaras, mas ocupa o 12º lugar na exportação, com uma participação não superior a 50 mil toneladas. O país, porém, começou a trilhar o caminho necessário para aumentar o volume exportado, atentando para a qualidade dos itens cultivados e para as metodologias empregadas para sua conservação, embalagem e exportação.
El-Haggan explicou que o Conselho de Exportação Agrícola trabalhou no último período para preparar um mapa climático, através do qual o agricultor pode identificar os melhores locais para cultivar cada variedade de tâmara separadamente. Esse mapa indicativo será apresentado aos agricultores para ajudá-los e aumentar sua produtividade.
“O Egito tem 26 variedades diferentes de tâmaras que produzem três graus de qualidade diferentes”, disse. O conselho identificou as variedades de tâmara, com dados completos sobre cada uma delas, seus métodos de armazenamento ideiais, transporte, formato, tamanhos e níveis de açúcar, permitindo ao agricultor determinar os métodos de cultivo e exportação.
Em relação ao apoio aos agricultores para exportar, ele enfatizou que o conselho está estudando as necessidades de diferentes mercados potenciais para tâmaras. O estudo teve início em dez mercados, levando em conta os aspectos que o empresário egípcio precisa conhecer sobre os países, desde vantagens do produto egípcio em preço, concorrência, padrão de embalagem exigido, entre outros.
Em relação aos mercados mais importantes para as empresas egípcias, ele explicou que todos os países europeus continuam sendo alvo para as exportações egípcias. O Egito exporta seus produtos para os países do Leste Asiático e pretende focar na China, Japão, Austrália, Rússia, Canadá e Brasil durante o próximo período, principalmente por serem mercados grandes e com alto poder aquisitivo.
Filiação à Câmara Árabe
El-Haggan afirma que o mercado brasileiro é promissor para as tâmaras egípcias. A empresa se filiou à Câmara de Comércio Árabe Brasileira com o objetivo de explorar as oportunidades de exportação existentes no mercado latino-americano, em geral, e no brasileiro, em particular. A companhia participará com um estande na feira APAS Show, a ser realizada no Brasil próximo mês de maio, e também estará na feira Fruit Logistica, na Alemanha, em meados de fevereiro.
Apesar da distância do Egito em relação ao Brasil, o empresário cita as tâmaras Medjool entre as que devem ser vendidas para a América Latina, já que elas podem ser armazenadas em temperaturas entre +5°C e -18°C. Segundo ele, o problema da distância está sempre nas variedades frescas, como a barhi. Nesse caso, é preciso que as quantidades sejam previamente acordadas, a fim de que sejam adotados métodos de cultivo que ajudam a prolongar a vida útil das tâmaras para um período entre um mês e cinco semanas, durante o qual permanecem frescas.
Em relação à força do mercado brasileiro, El-Haggan afirmou que a presença de uma grande comunidade árabe contribui para o crescimento das exportações de tâmaras para o país. Ele explicou que a descoberta dos benefícios da tâmara ajuda a aumentar a base popular interessada no consumo de tâmaras, independentemente de sua religião ou nacionalidade. O empresário ressaltou que essa característica se tornou um dos aspectos que o conselho explora na promoção das tâmaras.
Tradução do árabe de Georgette Merkhan