São Paulo – Mulheres que atuam em comércio exterior e relações internacionais no Brasil estão se reunindo no grupo Women Inside Trade (WIT), fundado em 2017 por Renata Amaral em Brasília. O WIT é uma rede global de profissionais que oferece networking, cursos de capacitação, eventos e seminários, além de ações de voluntariado.
As cofundadoras do WIT Monica Rodriguez e Verônica Prates falaram à ANBA sobre os trabalhos do WIT e a parceria com o Comitê de Mulheres Wahi, da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Rodriguez recordou que em 2017 elas não tinham a dimensão do que o grupo iria se tornar. “Tudo começou de uma forma bastante tímida, nosso grupo nasceu de um blog e hoje temos um grupo de Whatsapp com mais de 200 mulheres do governo, setor privado, diplomacia, academia, todas da área de comércio exterior e relações internacionais”, contou.
Segundo elas, o grupo foi criado para ajudar as mulheres da área de negócios internacionais, um ambiente majoritariamente masculino. A ideia surgiu a partir de narrativas de experiências femininas no mercado de trabalho que trouxeram muita frustração às partes envolvidas.
O critério para entrar no grupo WIT é ter diploma de curso superior e atuar na área de comércio exterior ou relações internacionais. O grupo promove seminários, cursos de capacitação, eventos e webinars, além de oferecer mentoria para empresas lideradas por mulheres. Também há ações de voluntariado a mulheres da área que estão em situação de vulnerabilidade ou risco diante da pandemia, com ajuda financeira.
“O grupo ainda conta com um banco de currículos e faz o match com empresas interessadas, e estamos dando apoio financeiro a mulheres em situação de risco, como desemprego e violência doméstica, ajudando com as contas da casa, por exemplo”, disse Prates.
O WIT promoveu recentemente um curso sobre defesa comercial na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), mostrando os mecanismos para combater práticas desleais de comércio, e inclusive chamou um professor para fazer parte das aulas.
“Não somos separatistas, queremos agregar, e vemos que muitas vezes os homens não participam de eventos e cursos que tenham apenas mulheres na mesa, mesmo que seja um tema técnico. Os homens precisam entender que as mulheres podem optar por ser mães, donas de casa e profissionais. Somos profissionais falando das nossas experiências para o mundo tanto quanto eles. Quando eles conseguirem perceber isso, abrir esse espaço, tudo vai melhorar”, disse Rodriguez.
Segundo Prates, o WIT cria conexões e referências e quer construir um networking e fazer mais parcerias internacionais, como a que tem com o Comitê de Mulheres Wahi, da Câmara Árabe.
“São poucas mulheres em cargos de liderança na nossa área, mas elas existem e para quem está começando é importante ter referências de mulheres que já chegaram lá e conhecerem o caminho que elas trilharam”, declarou.
Elas também querem, com o grupo, combater a imagem ultrapassada da rivalidade feminina. “Não somos concorrentes nem rivais, há muitas mulheres se apoiando e vamos continuar fazendo parcerias nesse sentido, para aumentar esse movimento”, disse Rodriguez.
As cofundadoras recentemente participaram de um webinar promovido pela Câmara Árabe para falar de negócios no mundo árabe. “Há muitas oportunidades e desafios em fazer negócios com os árabes, o mundo árabe é muito rico e precisamos combater o estereótipo. Agora com a pandemia, as pessoas entenderam o poder da internet e da globalização e isso influencia muito nos negócios”, disse Rodriguez.
Para elas, o evento reafirmou o papel da mulher no campo profissional. “Que essa parceria renda muitos frutos e em 2021 queremos ver a agenda entre os dois grupos se fortalecer, e torço para que prospere”, concluiu Rodriguez.