Dubai – As empresas brasileiras que participaram como expositoras da feira de alimentos e bebidas Gulfood, em Dubai, ficaram satisfeitas com os contatos e resultados do evento. Nesta quinta-feira (21), último dia da Gulfood, algumas empresas já haviam ido embora e outras continuaram atendendo e fazendo contatos até o último minuto.
“O Oriente Médio e Norte da África são um mercado estável para o setor de alimentos porque eles dependem das importações de produtos e para o Brasil existe um grande potencial de crescimento nessa região”, analisou Karen Jones, chefe executiva de operações da Apex-Brasil no Escritório para o Oriente Médio e Norte da África, que fica em Dubai. “As empresas estão bastante satisfeitas com os resultados da Gulfood, e a Apex e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira vão continuar trabalhando em conjunto para facilitar os negócios do Brasil para a região”, informou.
Para Felipe Ferraz, diretor da trading de açúcar RCMA do Brasil, a feira rendeu mais de 100 contatos de diversos países, principalmente da África e Oriente Médio, como Arábia Saudita, Kuwait, Iraque, Síria, Sudão, e os não árabes Madagascar, Etiópia e Sudão do Sul. “Agora é acompanhar pelos próximos dois meses para fechar negócios com estes novos contatos”, disse Ferraz. Ele explicou que, por se tratar de uma commodity listada na bolsa de valores, existe uma volatilidade que impede que negócios sejam fechados durante a feira.
“Esta foi nossa primeira vez como expositores e é uma experiência intensa, bem diferente de vir como visitante, tivemos muito mais oportunidades de conhecer pessoas que não tínhamos no nosso radar”, disse Ferraz. A RCMA Group teve um espaço no estande da Câmara Árabe, e além de Felipe, o trader francês Thomas Houdot também estava atendendo os visitantes. “Gostamos bastante da localização do estande, num corredor com grande fluxo de pessoas, e o balanço foi muito positivo”, avaliou Ferraz.
A Key Trade, trading especializada na importação de produtos alimentícios, cosméticos e materiais de construção com sede em Itajaí, no estado de Santa Catarina, estava representada por seu diretor de novos negócios, Davi Sierra, no estande da Câmara Árabe, além das cinco empresas que tinham seus espaços próprios (Florestal, Dom Glutão, Nutrire, RCMA Group e O Primo Logística). “A Gulfood superou nossas expectativas, encontramos bons produtos para importar ao Brasil e bons distribuidores para vender nossos produtos aqui na região do Oriente Médio”, contou Sierra.
A trading já tem negócios com seis países – China, Portugal, Holanda, Itália, Paraguai e Colômbia -, e com a primeira participação na Gulfood conseguiu começar a trabalhar com o mundo árabe. Segundo Sierra, foram fechados negócios com a empresa de snacks Hunter Foods, dos Emirados Árabes, com uma empresa de azeite de oliva da Turquia e outra de bebidas não alcoólicas da Polônia. “Pretendemos voltar ano que vem com um espaço no estande da Câmara Árabe”, disse Sierra, que fez contatos ainda com o Catar, Arábia Saudita e Egito.
O gerente comercial da O Primo Logística, Otavio Cavalcanti, disse que todos os seus clientes brasileiros que querem fazer negócios com a região visitam a Gulfood. A empresa de frete marítimo e aéreo especializada no mercado alimentício participa pela quarta vez da feira, e pelo segundo ano com espaço próprio no estande da Câmara Árabe. “É sempre bom para nós estar na Gulfood, onde visitamos clientes e encontramos novas empresas brasileiras que querem exportar para a região do Golfo e África. Falamos com muitas empresas brasileiras que estão expondo aqui para oferecer nosso serviço de transporte, passamos valores e ajudamos essas empresas a fazer as negociações com os compradores que visitam a feira”, explicou Cavalcanti.
Angélica Niero, gerente de exportações da Florestal, empresa de doces, balas e pirulitos que estava no estande da Câmara Árabe, chamou a atenção dos colegas das outras empresas presentes por seu trabalho assertivo e constante ao longo de toda a feira. Niero disse que ao longo dos cinco dias vendeu para o Catar, Congo, Turquia, retomou as vendas para Djibuti e Nova Zelândia, e fechou um lote teste para Guiné. “O cliente de Conacri colocou o pedido para um contêiner de 20 pés como experimentação”, informou.
Niero também disse que tem grandes possibilidades de fechar negócio com China, Palestina, Jordânia, Iraque, Burundi, Chade, Paquistão, entre outros. “Tivemos um volume menor de visitas, mas com o follow up ao longo do próximo mês, a feira deste ano pode até render mais negócios que a do ano passado”, ponderou Niero. O valor baixo dos produtos vendidos e o fato de a marca já ter embalagens adaptadas e certificações facilita o processo das vendas. “A participação na Gulfood é muito importante porque o Oriente Médio e a África são nossos principais mercados”, ressaltou.
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No pavilhão da Apex-Brasil, a empresa de produtos lácteos Alibra estava participando pela terceira vez da feira. “Este ano conquistamos a certificação halal de nossos produtos, o que faz toda a diferença para trabalhar nessa região”, afirmou Débora Lapa, gerente de exportação da companhia. Segundo ela, a Alibra só operava na Mauritânia (entre os países árabes) até o ano passado, e agora certificada, começou a exportar para o Egito e está em negociação com Catar e Omã.
Para Débora, a Gulfood desse ano teve menos volume de contatos, mas maior qualidade nas visitas. A Alibra exporta cerca de 20% do total produzido, e seus principais mercados são América do Sul, América Central e Oeste da África. “A Gulfood vale muito a pena para quem quer investir no Oriente Médio e Norte da África, é uma feira séria que rende contatos de qualidade, e muitos clientes africanos não conseguem visto para participar das feiras principais do setor, a Anuga e a Sial Paris, na Europa, então vale vir para cá”, considerou Lapa.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, disse que a Gulfood se torna a cada ano mais importante para os empresários brasileiros. “Foi interessante perceber que os empresários brasileiros sabem que precisam vir, que está tendo essa consciência do alcance do evento, que abrange o mundo inteiro”, avaliou.
“A Gulfood é um dos pilares da Câmara Árabe, um dos eventos internacionais mais importantes para nós”, disse Hannun. A Câmara Árabe participa da feira da alimentos há vinte anos e há três anos consecutivos tem estande próprio com empresas brasileiras. “E o papel da Câmara é esse, de dar apoio às empresas brasileiras independente de estarem em nosso estande ou não. E agora, com o lançamento do primeiro escritório internacional da Câmara Árabe aqui em Dubai, estamos muito empenhados e vamos conseguir aproximar ainda mais os árabes e os brasileiros, estar aqui irá possibilitar que detectemos novas oportunidades de negócios e eventos setoriais com mais agilidade”, reforçou.
A 24ª edição da Gulfood ocorreu de 17 a 21 de fevereiro, no Dubai World Trade Centre, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.