Giuliana Napolitano
São Paulo – O Hospital Sírio-Libanês, fundado por imigrantes árabes em São Paulo, vai iniciar seus primeiros contatos com os países do Oriente Médio e Norte da África. O passo inicial será dado em dezembro, quando o hospital participará da Semana do Brasil em Dubai (Brazilian Week & Trade Exhibition) e também acompanhará a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na visita oficial aos países árabes.
Segundo o cirurgião Riad Younes, membro do Conselho Médico do hospital, a missão faz parte da nova estratégia do Sírio-Libanês de ampliar o relacionamento com hospitais de países árabes. "Queremos abrir as portas de forma mais rápida daqui para frente", afirma Younes, que participará da comitiva que vai ao Oriente Médio.
Na viagem, o hospital pretende apresentar a médicos e hospitais da região serviços de medicina de ponta que são desenvolvidos no Brasil e "que ainda faltam por lá", informa Younes.
As principais áreas a serem mostradas aos árabes serão as de transplantes, medicina esportiva, cirurgia plástica e oncologia. "Temos grandes médicos nessas áreas", diz. "Em medicina esportiva, por exemplo, os profissionais que cuidam da seleção brasileira são referência mundial, assim como nossos cirurgiões plásticos".
O reconhecimento do Brasil na área de cirurgia plástica já havia sido lembrado pelo embaixador dos Emirados Árabes Unidos no Brasil, Saeed Hamad Al-Junaibi, em entrevista à ANBA durante o evento de lançamento da Semana do Brasil em Dubai, na semana passada, em São Paulo. O embaixador afirmou que há uma grande demanda por esse tipo de serviço na região, que é palco de diversos conflitos. "E o Brasil é bom nesse campo", declarou.
No que diz respeito à área de oncologia, Younes diz que o Sírio-Libanês levará aos países árabes a vacina contra o câncer que foi desenvolvida pela primeira vez no Brasil pelo hospital.
Outro objetivo da missão aos países árabes é firmar parcerias com hospitais locais para a transmissão de palestras e a discussão de casos simultaneamente. "Isso é feito por vídeo-conferência com hospitais dos Estados Unidos, da Europa. Não vejo por que não possa começar a ser feito também com o Oriente Médio", explica Younes.
"Existe, inclusive, a possibilidade de desenvolvermos pesquisas em conjunto. Há muitas formas de cooperação que começarão a ser exploradas agora", afirma.
História
O Sírio-Libanês foi fundado pelos primeiros imigrantes sírios e libaneses que chegaram ao Brasil. A história do hospital começou em 1921, quando foi criada a Sociedade Beneficente de Senhoras, que tinha o objetivo de angariar fundos para construir a instituição.
As obras começaram dez anos depois e foram concluídas em 1940, mas a instituição não chegou a funcionar porque o prédio foi desapropriado pelo governo e passou a ser usado para abrigar uma escola de cadetes. Em 1959, a Sociedade Beneficente de Senhoras conseguiu reaver o prédio e iniciou as reformas para inaugurar o hospital em 1965.
Nessa época, o Sírio-Libanês funcionava apenas como uma clínica pediátrica. Em 1971, tornou-se hospital com a implantação da primeira UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do país.
De lá para cá, passou por mais reformas e ampliações e, hoje, é um dos maiores hospitais de São Paulo. É referência nas áreas de oncologia, neurocirurgia, cardiologia, ortopedia e cirurgia plástica. Na próxima semana, a instituição vai inaugurar um novo centro de ensino e pesquisa que custou cerca de US$ 20 milhões e será um dos mais modernos do país.
Desde sua fundação, o Sírio-Libanês funciona na rua Adma Jafet, que ganhou esse nome em homenagem a uma das fundadoras da Sociedade Beneficente de Senhoras.
Contato
Hospital Sírio-Libanês
R. Dona Adma Jafet, 91 – Bela Vista – São Paulo (SP)
Tel: (+5511) 3155-0200

