São Paulo – A importância do acervo de imigração árabe pertencente a famílias e instituições e o acesso a ele foram dois dos principais temas debatidos em um encontro com pesquisadores e cedentes de documentos na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta quinta-feira (18), em São Paulo. No Brasil, a instituição é parceira da universidade libanesa Saint-Esprit de Kaslik (Usek) em um projeto de digitalização documentos referentes à imigração árabe na América Latina. Em outros países, a Usek conta com outras instituições nesta iniciativa.
Do encontro participaram pesquisadores como a professora de Língua e Literatura Árabe na Universidade de São Paulo, Safa Jubran, a ex-reitora e professora de Farmacologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, Soraya Smaili, o diretor-geral do Arquivo Público do Estado de São Paulo, Thiago Nicodemo, representantes dos clubes Homs e Sírio, do Lar Sírio Pró-Infância, e de famílias que já cederam documentos.
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O Projeto de Digitalização da Memória da Imigração Árabe no Brasil promove a digitalização do acervo dos imigrantes árabes ao Brasil. Já foram digitalizados, desde seu lançamento, em 2018, 138 livros e 50 periódicos em um total de 140 mil imagens. O projeto depende de doações e aberturas de acervos para crescer. Por outro lado, ao resgatar os documentos dos imigrantes, amplia a quantidade de fontes de pesquisa disponíveis a pesquisadores.
Vice-presidente de Comunicação e Marketing da Câmara Árabe, Silvia Antibas afirmou, na presença de 25 convidados para o encontro, que o acervo que o projeto se destina a construir é “importantíssimo e pode até mudar a historiografia da imigração árabe”, em referência às histórias e dados que ainda podem ser encontrados.
Acesso a acervo de imigração
Pelo projeto, uma família, pessoa ou instituição empresta seus documentos para a Câmara Árabe que, por meio de um equipamento cedido pela Usek, digitaliza esses documentos. Em seguida, o arquivo digital é armazenado e compartilhado com a Usek, que, por sua vez, faz o tratamento das imagens. Em seguida esse arquivo é colocado em outro banco de dados. Em troca, a pessoa ou instituição que empresta o material para digitalização recebe uma versão digital deste documento, além da sua devolução.
Foi o acesso facilitado a este banco de dados que os pesquisadores pediram no encontro. Hoje, é preciso que uma pessoa que desenvolve um trabalho sobre imigração e necessita do acervo explique detalhadamente quais documentos gostaria de ver e solicite seu envio, demandando muito tempo para o processo da pesquisa.
Esse projeto pode até mudar a historiografia da imigração árabe
Silvia Antibas, vice-presidente de Comunicação e Marketing da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira
“Foi um evento importantíssimo porque pudemos pegar as experiências de todas as pessoas que estiveram aqui e também ouvir suas sugestões. Esse trabalho [de digitalização e divulgação] é importante, como disseram aqui, para além da imigração árabe. É importante para a história do Brasil”, disse Silvia.