Giuliana Napolitano
São Paulo – Fabricantes brasileiros de equipamentos médicos e odontológicos participaram pela primeira vez neste ano da Arab Health, feira da indústria que, nesta edição, ocorreu de 18 a 21 de janeiro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Os resultados superaram as expectativas e, para 2005, a previsão da Associação Brasileira da Indústria Médico-Odontológica (Abimo) é dobrar o espaço do pavilhão brasileiro no evento.
"Levamos nesta primeira edição 14 empresas, mas até agora já recebi pedidos de mais 49 empresas querendo participar da próxima feira", informou à ANBA o diretor- executivo da Abimo, Hely Audrey Maestrello. "Vamos selecionar os pedidos, mas acredito que precisaremos pelo menos dobrar o tamanho do pavilhão brasileiro", acrescentou. Neste ano, o espaço teve 144 metros quadrados.
Para Maestrello, o interesse se deve ao desempenho "surpreendente" das empresas que participaram da feira. Dados da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) mostram que foram fechados contratos no valor de US$ 192 mil durante o próprio evento com firmas da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Líbano e Líbia, entre outras.
Também foram feitos mais de 1 mil contatos comerciais com companhias de países de fora do Oriente Médio, mas que também estiveram presentes na feira, como Alemanha, Estados Unidos, Japão, Tailândia e Paquistão. Para os próximos meses, a previsão é de que sejam gerados negócios de mais US$ 3,9 milhões. "Essas cifras propiciaram a criação de 118 postos de trabalho", informou Maestrello.
"Hospital virtual"
"Além disso, esperamos que outras empresas comecem a vender para o mercado árabe, porque durante a Arab Health distribuímos um CD-ROM com informações de mais de 100 companhias que não participaram da feira, mas têm interesse em exportar", disse Maestrello.
O CD-ROM, batizado de "hospital virtual", foi desenvolvido pela Abimo em parceria com a Apex. Contém um programa que simula o ambiente de um hospital e permite que os usuários vejam os produtos fabricados por empresas brasileiras.
O próximo projeto da Abimo é a realização, em junho, de uma feira hospitalar em São Paulo. A intenção é trazer à cidade cerca de 20 importadores dos Emirados Árabes, Arábia Saudita, Rússia, Índia, Indonésia, Turquia, Egito e Marrocos, além de empresas de países latino-americanos.
Exportações cresceram 30%
Espera-se que esses negócios contribuam para ampliar as exportações globais do setor. A projeção da Abimo é de que as vendas externas cheguem a US$ 250 milhões neste ano, o que representaria um aumento de cerca de 13% em relação aos US$ 222 milhões embarcados em 2003.
As exportações da indústria de equipamentos vêm crescendo desde 2002, quando a Abimo fechou convênio com a Apex para a criação de um projeto de comércio exterior para o setor. De lá para cá, as vendas externas subiram quase 30%.
Segundo Maestrello, os principais produtos exportados pela indústria são implantes ortopédicos, aparelhos de Raio-X, materiais descartáveis, incubadoras, berços aquecidos, mesas cirúrgicas, móveis hospitalares e itens de consumo, como gorros, aventais e máscaras, além de equipamentos odontológicos. "No caso específico da odontologia, existem países que montam consultórios inteiros com nossos produtos", declarou.
O destino das vendas do setor também é diversificado. De acordo com o diretor da Abimo, empresas brasileiras fornecem equipamentos médicos e odontológicos a mais de 50 países, a maioria deles na América Latina e Ásia.
Equipamentos de ponta
Apesar dos bons resultados na exportação, a balança comercial do setor é deficitária. No ano passado, por exemplo, a indústria de equipamentos médicos e odontológicos importou US$ 841 milhões. Como as vendas externas ficaram em US$ 222 milhões, o saldo foi negativo em US$ 619 milhões.
Hely Maestrello explica que o déficit se deve à compra de equipamentos de ponta, como os de ressonância magnética e tomografia computadorizada. "Ainda não temos tecnologia para produzir isso aqui", lembrou. "Apesar disso, equipamos 95% dos hospitais do país com equipamentos e material de consumo nacionais", ressaltou.
Hoje, a Abimo reúne cerca de 260 empresas do setor. A maior parte (58%) é composta de grandes companhias, mas as pequenas firmas também representam parte importante da indústria (32%). Apenas 8% da produção é exportada, e o governo compra 44% do que é fabricado. Em 2002, o setor faturou R$ 4,5 bilhões e gerou 34 mil empregos diretos, de acordo com informações da Abimo.
Contato
Associação Brasileira da Indústria Médico-Odontológica (Abimo)
Tel: (11) 3285-0155
www.abimo.org.br

