São Paulo – O aumento do uso da internet para vendas e marketing de produtos pode ser um facilitador na hora de expandir os negócios para os países árabes. Esta foi uma das questões abordadas por Hussein Mohieldin, CEO da startup egípcia Robusta, focada em soluções de e-commerce para empresas, durante webinar promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, nesta quarta-feira (27).
Debatendo sobre o tema “Transformação Digital em tempos de crise: mudança e adaptabilidade”, Mohieldin respondeu ao questionamento de Jacqueline Mendonça (foto acima), CEO na Adélia Mendonça Cosmetics. A marca brasileira já trabalha em seu site com recursos focados na experiência do usuário, como uma consultoria online que desenvolve sugestões de produtos a partir de respostas do cliente. “Como fazer esse trabalho, levando esse tipo de experiência mais especial ao usuário que está nos países árabes?”, questionou Mendonça.
Para Mohieldin, é preciso explorar ferramentas online para tornar essa expansão eficaz. “No momento, temos [ferramentas como] a tradução simultânea pela internet, ou seja, estamos rompendo a barreira da língua. Você pode ter chatbots, oferecer serviços traduzidos para pessoas localizadas no Egito ou em outro país árabe”, afirmou Mohieldin. Os chatbots são programas para comunicação, que respondem aos clientes de forma ágil, simulando uma interação mais humana.
A realidade virtual oferece outros recursos que o egípcio destaca para o setor de cosméticos. “As pessoas costumam preferir ir à loja, mas com a realidade virtual você pode permitir que a pessoa veja como fica com aquela maquiagem ou aquela roupa. É possível ter uma conversa com a consultora com tradução simultânea para árabe, e a comunicação vai fluir”, acrescentou ele, que recomenda que as marcas tenham site no idioma local. “Muitas pessoas entendem árabe, mas não inglês, então é preciso traduzir para o árabe”, lembrou.
Mas, para além da tecnologia, as pessoas que a utilizam também são aliadas fundamentais. Mohieldin acredita que as empresas que atuam no ramo da beleza e moda precisam se conectar com influenciadores digitais dos países onde querem atuar. “Essas pessoas entendem as tendências e o que os consumidores estão buscando. É importante para se adaptar, entender o comportamento e conseguir ter trocas. Também, informar seus clientes sobre a qualidade dos seus produtos nestes países”, concluiu.
Alaa Kara Ali, CEO na Metro Brazil, loja focada em produtos brasileiros, participou do webinar e questionou sobre o contato com os influencers árabes. O empresário relatou que a demanda por produtos do Brasil segue em alta na loja da marca que, mesmo em tempos de pandemia, entregou 100 pedidos durante o período do Ramadã.
Mohieldin explicou que as marcas podem entrar em contato diretamente com influenciadores de países árabes, individualmente. Contudo, há a opção de contratar agências locais especializadas em influenciadores digitais. “Estas empresas categorizam os influencers de acordo com o alcance, qual região atendem, perfil dos seguidores, com que segmentos eles conversam. Tem influenciadores que falam com estudantes, outros com fashionistas. É possível fazer acordo com as agências na sua estratégia de marketing”, detalhou.
O CEO da Robusta lembrou, ainda, que cada local requer novas estratégias. “Sem dúvida, cada país é diferente. A forma como fazemos negócio na Alemanha é diferente de como fazemos no Egito. Alguns países têm semelhanças, mas os países têm perspectivas diferentes de como interpretam engajamento, qualidade, e o preço é diferente. Muitas vezes trazemos coisas que funcionam no Egito ao Brasil e pode funcionar ou não”, concluiu Mohieldin.
Também presente na conferência virtual, o cientista-chefe na The Digital Strategy Company e professor extraordinário da Cesar School, Silvio Meira, endossou a análise de Hussein. “Você vai vender cultura para outra cultura. Se você não tiver processo de tradução e inserção na cultura, inclusive do ponto de vista tecnológico, e se não tiver otimização de busca para árabe, você não vai ser encontrado. Isso significa que você precisa entender como se faz busca em árabe. E, eventualmente, busca em árabe no Egito, ou busca em árabe na Jordânia. Esse é o tipo de trabalho que a Robusta faz”, afirmou.
O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, que mediou os debates junto ao secretário-geral Tamer Mansour, lembrou a importância destes serviços, como a tradução ao árabe, que a entidade presta aos seus associados, e afirmou para CEO na Adélia Mendonça Cosmetics, que ela pode contar com a Câmara Árabe para entender melhor a cultura dos consumidores árabes. Também participou da conferência virtual o CEO na Solinftec, Rodrigo Iafelice dos Santos.
Leia mais sobre o conteúdo do webinar nas reportagens abaixo e conferência completa no YouTube
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