Giuliana Napolitano
São Paulo – Em todas as cidades árabes que forem visitadas pela comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro haverá contatos entre empresários locais e brasileiros, informou à ANBA o sub-chefe da divisão de Operações de Promoção Comercial do Itamaraty, Norton Rapesta. A divisão é responsável pela parte comercial da viagem presidencial.
Os encontros estão sendo organizados pelo Itamaraty. Os nomes das companhias ainda não estão fechados, mas sabe-se que devem participar da missão entre 30 e 40 empresários brasileiros e mais de 100 empresários árabes de diversos setores, como o agropecuário, o automotivo e o de infra-estrutura.
O entusiasmo empresarial se justifica. Essa é a maior missão comercial brasileira para os países árabes, um mercado de 300 milhões de pessoas que importam em torno de US$ 170 bilhões por ano. O Brasil responde por menos de 2% desse total.
Com a visita, o Itamaraty espera aumentar o comércio bilateral, criar oportunidades de negócios e atrair investimentos árabes para o Brasil, principalmente nas áreas de infra-estrutura e agronegócio.
A intenção já havia sido mencionada pelo presidente Lula em agosto. Na ocasião, Lula disse que o governo federal quer atrair investidores árabes para atuar em infra-estrutura, em especial, nos setores de saneamento básico e transporte.
Para o Itamaraty, os Emirados Árabes e o Líbano são dois investidores potenciais para o Brasil. E existe chance de os empresários iniciarem negociações para contratos de até US$ 1 bilhão na Líbia, no setor de infra-estrutura. Além disso, está prevista a assinatura de acordos de cooperação bilateral em todos os países visitados.
Diversificar fornecedores
"Existe interesse das duas partes", afirmou Rapesta. Ele lembrou que países como os Emirados Árabes Unidos, que vão sediar a Semana do Brasil em Dubai, maior evento de negócios do país no mundo árabe, vêm buscando diversificar fornecedores desde os atentados terroristas de 11 de setembro, que aumentaram as tensões entre os Estados Unidos e os países árabes.
Os maiores parceiros da região são os EUA e a Europa. No caso dos Emirados, de janeiro a setembro deste ano, por exemplo, as importações de produtos norte-americanos diminuíram quase 6%.
Ao mesmo tempo, o Brasil procura diversificar mercados para ampliar seu comércio internacional. Estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) mostrou que as exportações para mercados "não tradicionais" foram responsáveis por mais de 30% do aumento das vendas externas globais do país neste ano.
Entre esses novos parceiros, destacam-se principalmente China e Taiwan. Mas também fazem parte da lista países árabes como a Argélia e a Líbia, cujas importações de produtos brasileiros cresceram, respectivamente, 85,4% e 108,7% entre janeiro e setembro, frente ao mesmo período de 2002.
Estratégia
Assim como a visita aos países árabes, a viagem oficial à África, que ocorreu no início deste mês, teve o objetivo de abrir novos mercados aos produtos brasileiros. A estimativa do Itamaraty é de que a missão africana gere US$ 1 bilhão em negócios.
Para os próximos meses, estão sendo organizadas visitas oficias à Índia – programada para o final de janeiro – e à China, que deve ocorrer entre abril e maio, de acordo com o Itamaraty.

