Cairo – De inimigo dos pescadores, um crustáceo está se transformando em uma oportunidade de renda no Egito. Trata-se do Lagostim do Nilo. O animal foi trazido do estado norte-americano da Louisiana na década de 1980 para ser cultivado em gaiolas no rio Nilo, em uma área ao sul do Cairo. O projeto fracassou e o crustáceo foi solto no rio, onde encontrou, nas províncias do sul do Egito, ambiente propício para o crescimento e a reprodução.
Em entrevista à ANBA, o presidente Conselho de Administração da Toshkee Misr, Osama El-Sherbiny, contou a história da transformação do lagostim do Nilo – que também é conhecido como a barata do Nilo por ser cortador das redes dos pescadores – em algo benéfico e uma fonte de dólares para o país. A Toshkee Misr é uma empresa egípcia que trabalha com a exportação do lagostim do Nilo (na foto acima, a operação produtiva).
Os problemas com o lagostim vindo dos Estados Unidos foram detectados em 2005, quando os pescadores começaram a queixar-se que suas redes estavam sendo danificadas e cortadas pelo crustáceo. A Autoridade dos Recursos Pesqueiros do Egito iniciou o trabalho de controle biológico, mas a reprodução era grande. Essa é a razão pela qual o lagostim foi apelidado de barata do Nilo, pois se reproduz três vezes por ano, gerando 500 ovos cada vez.
Segundo Sherbiny, um pesquisador egípcio publicou em uma revista científica um pedido de socorro, solicitando ajuda para combater o crustáceo. A partir disso vieram os espanhóis e depois os chineses para trabalhar com a exportação do lagostim, o que permitiu que os pescadores encontrassem alguém para quem fornecer os animais.
A Toshkee Misr surgiu em um momento de insatisfação dos pescadores com o preço que estava sendo oferecido pelos chineses e se estabeleceu como um negócio sólido na área. A primeira unidade produtiva foi instalada na província de Assiut. Entre o final de 2017 e início de 2018, a empresa começou a exportar para o mercado norte-americano, que é o lugar de onde vieram originalmente os lagostins do Nilo.
A empresa exportou quatro contêineres em seu primeiro ano de operação, subindo para 100 contêineres no ano passado. A história de sucesso fez do Egito um dos três principais países exportadores desse crustáceo juntamente com a China e a Espanha. E há uma grande oportunidade para aumentar as exportações do país árabe diante de um declínio da produção na Espanha e aumento do consumo na China, o que reduziu o volume fornecido por Pequim.
Peixes e crustáceos ocupam o segundo lugar na pauta das exportações de alimentos do Egito para o mercado dos Estados Unidos, com um total de US$ 40 milhões durante o ano passado. De acordo com o presidente do Conselho de Administração da Toshkee Misr, há muitos produtos de peixe e similares que têm as mesmas oportunidades de crescimento que o lagostim do Nilo nos mercados globais, entre eles enguias e caranguejos, mas eles precisam de cuidados especiais em termos de embalagens e também no descarte de resíduos.
Tradução do árabe de Georgette Merkhan