Sharm El Sheikh – O presidente do Egito, Abdel Fattah Al Sisi (foto acima), disse na Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP27), nesta segunda-feira (07), em Sharm El Sheikh, que este é o momento de agir para a implementação dos compromissos assumidos nas edições anteriores da COP, como o Acordo de Paris. O líder egípcio afirmou que o mundo todo espera por uma implementação rápida em prol do clima, com ações concretas para reduzir emissões e garantir o financiamento para países em desenvolvimento, que hoje estão sendo os mais afetados pelas consequências das mudanças climáticas.
Al Sisi falou na Cúpula de Líderes Mundiais (World Leaders Summit), ou a Cúpula de Implementação do Clima, que teve início hoje e vai até amanhã (08), reunindo cerca de 100 governantes e ministros. Eles foram recebidos por Al Sisi e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres. O encontro de líderes é parte da COP27, que tem como tema “Juntos pela Implementação” e vai até o dia 18 de novembro.
“Não há mais tempo para hesitação, porque todos os governos já sabem o que devem fazer. Os governos devem trabalhar ao máximo de sua capacidade para oferecer soluções e a sociedade civil também deve contribuir e desempenha papel fundamental”, foi o recado de Al Sisi aos países.
O egípcio disse que é preciso determinação para um futuro em que não haja um aumento de temperatura superior a 1,5 grau. “Esse é o futuro que vai ao encontro das esperanças e aspirações de todas as pessoas. Devemos ser francos e honestos. Devemos estar cientes de nossas capacidades e do que podemos fazer. A comunidade internacional é capaz de alcançar o progresso, as metas estabelecidas em Paris”, disse.
Para o presidente egípcio é essencial que todas as partes se unam e entrem em ação, com um olhar especial aos países em desenvolvimento. Ele deu ênfase às nações do continente africano, que, segundo Al Sisi, devem ter prioridade. “Todos os países devem assumir suas responsabilidades até onde conseguirem. Precisamos compartilhar a responsabilidade. Essa confiança multilateral será a melhor garantia de nosso sucesso, do progresso e de atingir nossos objetivos”, declarou.
Ele mandou uma mensagem direta ao mundo. “Ações claras e medidas para a implementação. Mais ação irá encorajar as partes interessadas a liberar o financiamento. (…) As mudanças climáticas não vão parar nunca sem a nossa intervenção”, disse. O presidente egípcio falou ainda que nos próximos dias irá lançar novas medidas e iniciativas.
Cidades verdes
O presidente egípcio lembrou que Sharm El Sheikh é a primeira cidade a passar por uma transformação verde no país, e disse que pretende implementar o plano de energias limpas e sustentabilidade em outras cidades do Egito. “Aqui no Egito nós estabelecemos metas ambiciosas. Estamos determinados a acelerar nossa transição para uma economia verde, com o uso de recursos e energia limpa, por meio de legislação, novas leis e novos mecanismos governamentais para garantir uma transformação verde completa e contribuir para a criação de um ambiente mais amigável para investimentos em alimentos, energia e agricultura. O Egito está determinado em aumentar os investimentos nessas áreas fundamentais”, disse Al Sisi, que além da transição, falou em diminuir as emissões de carbono.
Esta guerra precisa acabar
Al Sisi falou ainda sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia e fez um apelo. “Essa guerra precisa acabar. Meu país não é um dos mais fortes economicamente. Sofremos muito com a pandemia de covid-19. Agora estamos sofrendo outra crise por causa dessa guerra desnecessária. Acho que o mundo todo está em crise por causa disso e essa guerra e o sofrimento que está causando precisam acabar. Este é um apelo sincero”, declarou.
Presidente dos Emirados Árabes
O presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed Al Nahyan, iniciou sua fala apoiando o apelo do presidente Al Sisi. “Estamos com você, presidente Sisi, sobre o que você disse. Precisamos de paz, de diálogo, e precisamos que a guerra acabe”, disse.
Al Nahyan afirmou que este é um momento crítico do planeta, em que o mundo vem enfrentando desafios complexos, incluindo as mudanças climáticas. “Já que temos apenas um planeta, é essencial unirmos nossos esforços para enfrentar esse desafio nos engajando na ação climática, que vemos como uma oportunidade para inovação, criação de soluções e diversidade econômica”, disse.
Os Emirados Árabes Unidos são conhecidos como um fornecedor responsável de energia, disse Al Nahyan, ressaltando que há anos o país vem focando na redução de emissões de carbono provenientes do setor de petróleo e gás, bem como na diversificação da economia e na construção de capacidade de energias renováveis e limpas para promover desenvolvimento econômico e social de forma sustentável.
“Nosso país foi o primeiro da região a anunciar uma iniciativa estratégica para a neutralidade de carbono até 2050. Lançamos também alguns dias atrás um acordo de parceria com os Estados Unidos para um investimento de US$ 100 bilhões para a produção de 100 Gigawatts de energia limpa em várias partes do mundo”, declarou, informando que esse tipo de iniciativa cria novos setores, habilidades e empregos.
Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, será sede da COP28 no ano que vem, no mesmo local onde foi realizada a Expo 2020 Dubai. “Os Emirados continuam com seus esforços para construir pontes de cooperação e comunicação com a comunidade internacional, e já pensando na COP28, em Dubai, vamos focar no apoio à implementação de compromissos das COPs anteriores”, disse.
António Guterres
O secretário-geral da ONU reforçou a necessidade de ações imediatas e pediu a cobertura universal dos sistemas de alerta precoce para desastres meteorológicos dentro de cinco anos, bem como que todos os governos tributem os lucros inesperados das empresas de combustíveis fósseis.
“Vamos redirecionar o dinheiro para pessoas que lutam com o aumento dos preços de alimentos e energia e para países que sofrem perdas e danos causados pela crise climática. Ao abordar perdas e danos, esta COP deve concordar com um roteiro claro e com um prazo que reflita a escala e a urgência do desafio, que forneça arranjos institucionais eficazes para financiamento. Obter resultados concretos sobre perdas e danos é um teste decisivo do compromisso dos governos com o sucesso da COP27″, enfatizou Guterres.
O secretário-geral disse que é hora de as nações se unirem para a implementação e que este é o momento para a solidariedade internacional que respeite os direitos humanos e garanta um espaço seguro para os defensores do meio ambiente e atores da sociedade contribuírem para a resposta climática. “Não esqueçamos que a guerra contra a natureza é em si uma violação massiva dos direitos humanos”, disse.
Guterres lembrou que estamos próximos de ser 8 bilhões de habitantes na Terra, e que é preciso lutar juntos, por nós e pelas próximas gerações que virão. “Precisamos de todas as mãos no convés para uma ação climática mais rápida e ousada”, disse.
Participação
Entre os mais de 100 governantes e líderes mundiais participantes estavam o príncipe herdeiro do Kuwait, Mishal Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah; o ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel Al-Jubeir; o príncipe herdeiro do Bahrein, Salman bin Hamad Al-Khalifa; o primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh; a primeira-ministra da Tunísia, Najla Bouden; o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati; o presidente do Iraque, Abdul Latif Rashid; o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; o presidente da França, Emmanuel Macron; o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro; a primeira-ministra de Barbados, Mia Mottley; o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, entre outros. Representando o Brasil, esteve presente o embaixador do Brasil no Cairo, Antonio Patriota.